quarta-feira, 3 de outubro de 2012

É (era) probido proibir!


Assistir qualquer manifestação artística que envolva o movimento musical que balançou as estruturas de nossa música no final dos anos 60, com reflexos ainda nos dias de hoje, é um exercício que não me canso de praticar, mesmo tendo que enfrentar um inicio de tarde com muitos ventos e chuva fina, sexta feira passada, em Salvador. Foi com este ânimo e este começo de temporal que entrei em uma das confortáveis salas de cinema do mais novo centro comercial da cidade, o Shopping Bella Vista, para ver Tropicália, a epopeia musical de Caetano, Gil, Mutantes, Tom Zé, Gal e as presenças coadjuvantes e significativas de Nara Leão, Rogério Duprat, Rogério Duarte, Jorge Mautner e Jards Macalé.

Sabia que grande parte das imagens que veria já me eram familiares, conhecidas, próximas até pelo mais recente documentário visto, “Uma noite em 67”, que revela as apresentações e bastidores do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Deste festival, no entanto, surgiria as imagens inéditas feitas por Nara enquanto Caetano defendia Alegria, alegria e de entrevistadores como Cidinha Campos, conversando com os artistas antes ou depois de suas apresentações. Outras imagens desconhecidas ou pouco conhecidas ficam por conta daquelas do festival da Ilha de Wight, na Inglaterra, onde Caetano e Gil dão uma canja após serem apresentados como artistas impedidos de fazer música no Brasil, pelo governo militar. Ou das cenas do programa Divino Maravilhoso, da também TV Record, do programa do Chacrinha, do programa do Raul Solnado, em Lisboa enfim até o que não é novidade serve para compor o painel multifacetado daqueles dias intensos de som, luzes, cores e muitas loucuras criativas.

Tropicália é um filme que deveria ser obrigatório nas salas de aula de todo o país, até como um espécie de antídoto para a não proliferação de coisas como o pagode baiano, o funk carioca, o arrocha ou o sertanejo universitário, mesmo sabendo que a falta de educação familiar, escolar e musical estejam imune aos lampejos e brilhos da Tropicália.

Foto: Cartaz do filme Tropicália

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