Que surpresa traria um repertório com canções como Relógio, Noite de Ronda, Sabe Deus, Quiçá, quiçá, quiçá, A barca, Tu me acostumaste entre outras do mesmo quilate? Talvez nenhuma, não fosse a originalidade de entregar a letristas como Caetano Veloso, Abel Silva, Carlos Rennó, Vitor Ramil, Fernando Brandt, Paulo César Pinheiro a elaboração de uma nova tradução para estes boleros que no inconsciente popular já tiveram as suas versões talvez definitivas. E ouvindo bem, pouca coisa mudou do que já se tinha conseguido com o que agora foi revelado por estes poetas da canção popular, quando nada ou quase nada de novo foi acrescentado às letras que já conhecíamos.
A qualidade do trabalho, no entanto, pode ser ouvida e sentida nos arranjos musicais a cargo de músicos e conjuntos instrumentais consagrados e de indiscutível bom gosto e refinamento como o Quarteto Maogani, Duofel, Trio Madeira Brasil. Estes músicos conceituados emprestam aos famosos boleros uma surpreendente riqueza melódica que as gravações antigas por pressa ou por limitações nas concepções dos arranjos por seus orquestradores encobriam. Para a nossa geração, “do dois prá lá dois prá cá”, estes boleros nos chegaram pelas vozes em uníssono, embora contando com três vocalistas, do Trio Irakitan, através principalmente de um disco antológico “Boleros que gostamos de cantar” e para quem a nossa A Barca continuará sendo aquela a “singrar outros mares de loucura/para que não naufragues teu viver”.
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