quarta-feira, 24 de outubro de 2012

The Voice!


Sempre que me deparo com um programa de calouro lembro-me do Chacrinha e de sua zona colorida e anárquica aos sábados, nas TVs Tupy, Bandeirantes ou Globo com a discoteca, a buzina, o cassino, o programa ou tudo junto. Participantes desdentados, descabelados, desafinados, sem noção eram saudados com uma buzina interrompendo o seu e o nosso calvário, recebendo como troféu pelo seu canto destrambelhado um abacaxi ou um bacalhau, quando o preço do norueguês era compatível com a produção da emissora onde ele estivesse. Chacrinha não inventou o programa de calouro, mas certamente foi o responsável pela sua difusão e formato com a inclusão de um corpo de jurados, um grupo de bonitas dançarinas e palco para a apresentação dos mais importantes artistas nacionais nos anos 70 e 80. Até, mesmo os tropicalistas que mantinham com o Chacrinha uma relação de respeito, apreço e identificação com a geléia geral retratada e exposta por eles, focando as contradições inerentes a nossa cultura de massa, eram vistos com freqüência ao lado do Velho Guerreiro.

Estes senhores engravatados que se seguiram e passaram a dominar o formato da apresentação do programa se tornaram meros copiadores do Chacrinha emprestando a atração uma seriedade e uma aparente solenidade ao programa e aos calouros em si, que apenas serve para realçar o ridículo destes apresentadores. Falsos, maniqueístas, mercadores de ilusões, acenando aos participantes uma possibilidade de carreira que dificilmente ou nunca será consumada.

Mas, eis que surge o The Voice, um programa criado na Holanda e cuja franquia se espalhou pelo mundo, chegando até nós através da TV Globo e repetindo o mesmo sucesso que consegue onde é apresentado. The Voice é um bom programa de entretenimento. Dinâmico, bem apresentado, jovem, com bons participantes, alguns extraordinários, melhores até que certos artistas que compõe o quadro de jurados e são responsáveis pela escolha desse ou daquele. Não vem ao caso, se Claudia Leite, Carlinhos Brown, Daniel e Lulu Santos podem perder na comparação com alguns calouros que se apresentam e, que por outro lado não são tão calouros assim, pelo contrário, já que muitos são cantores da noite, de banda, de orquestra de bailes, com uma quilometragem prá lá de rodada pelos mais diversos palcos do país. Isto assegura a qualidade dos participantes. Já assisti dois programas, ficando a impressão que se a duração do mesmo fosse além das duas horas previstas não se sentiria nem se cansaria da atração.   

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