terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Sem fantasia.

Os três primeiros discos iniciais da carreira de Chico foram gravados na RGE, sem um nome para identificar cada LP, apenas volumes I, II, III. Do quarto em diante, talvez os mais representativos de sua sempre brilhante trajetória foram distribuidos pela Universal Music, que já foi Phillips, Polygram entre outras designações. Daqueles discos primeiros tenho especial predileção pelo Volume III tal a quantidade de pérolas como Carolina, Januária, Roda Viva, O Velho, Ela desatinou, Retrato em branco e preto, Até Pensei e mais, para um mesmo disco. Um transbordamento de talento e de poesia. 

Uma música daquele disco, entretanto, sempre mereceu a minha atenção pela singularidade do diálogo entre um homem e uma mulher na canção Sem Fantasia, entoada por Chico e por Jane Morais, ela pertencente a um grupo vocal denominado Os Três Morais. Depois de algum tempo de caso com a MPB, a cantora Jane descambou para uma coisa pavorosa como a parceria Jane e Herondy, dupla sempre presente em qualquer antologia que se faça do brega e do mau gosto. Jane por certo sentiu doer o aluguel do apartamento, as contas de condomínio, telefone e energia, cartões de crédito e foi embalar as dores de amor da patuléia.

Mas, Sem Fantasia encontraria no show Chico e Betânia, de 1975, a interpretação precisa dos dois intérpretes, dando a dimensão daquela busca e espera pela pessoa amada na teatralidade de Betânia e do comedimento de Chico, numa gravação primorosa. Em um especial de Chico para a Band, também nos anos 70, ele recebeu Caetano como convidado naquela canção e, ele cheio de trejeitos, olhares, insinuações, mas, não menos convincente como o intérprete feminino, fez o dueto com Chico, ocupando a voz que Betânia fazia naquele show, conforme registro do Youtube

Vídeo: Chico e Caetano

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