Recente encontro promovido pela Universidade Federal de Rio Grande do Sul
e a Associação Psicanalítica de Porto Alegre
discuitiu-se não sobre crises amorosas, existenciais ou profissionais dos gaúchos,
mas sobre a sua crise de identidade, o peso de ser gaúcho, o incômodo dessa
macheza não muito levada a sério pelos seus detratores. Se bem que não detratores,
tudo amigo, tudo nosso, mas pela zoação desta parte de cima e do meio do país
que vê nesta parte de debaixo do mapa, muita seriedade, muita sisudez,
levando-se a sério demais, quando longe das capitais.
Não se vê, por exemplo, baiano por aí, em
qualquer lugar do país, com um acarajé ou um abará nas mãos, um berimbau, um
pandeiro, um tererê nos cabelos, camisas do Olodum, ou short nas cores da Jamaica
como cartão de visita ou reverência aos seus costumes locais. Já os gaúchos se
atracam a um chimarrão como fidelidade e exaltação de sua origem e procedência,
por onde andam, marcando sua presença na paisagem urbana numa angústia de
carregar sempre o símbolo da sua identidade a tiracolo.
O escritor Luís
Vernando Veríssimo, chutou o pau da barraca da gauchice com o seu hilário personagem,
o Analista de Bagé, para quem o
maior problema dos gaúchos é a sua identidade sexual, já que não se sabe se é
gay ou se é coisa passageira, tchê! E este sofrimento decorrente da incompreensão
do resto do país para com o jeito gaúcho de ser, podia até ser disfarçado
segundo ele, sem associar a cuia, ao peito materno, nem a bomba a um símbolo
fálico. Enquanto isso, o humor é mesmo a melhor saída, para o problema.
Fonte: Folha SP
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