domingo, 25 de outubro de 2015

Pois é prá quê

Em 1971, o grupo MPB4 já tinha saído do circuito universitário, com seus shows no Centro Popular de Cultura – CPC, da União Nacional dos Estudantes-UNE, lá em Niterói para se tornar um nome em evidência na música popular, dada a suas participações nos festivais de então, principalmente os da TV Record, acompanhando Chico Buarque.

O MPB4 já andava com as próprias pernas sem ter que ser tão somente acompanhante das estrelas ascendente de nossa música naqueles anos 70. O disco De palavra em palavra é um exemplo de bom gosto musical e de vocalizações modernas para um repertório que sempre trazia a chama estudantil de protesto e estocadas no regime militar, cujo manto negro cobria todos, com sua intolerância e força, própria daqueles tristes tempos.

Uma canção deste disco, Pois é prá quê, de Sidney Miller, sempre mereceu a minha atenção, pelo sem tom desencantado, traçando com sua poesia fragmentada em citações de ações e situações uma colagem que forma um painel daquele momento que vivíamos. Uns versos, no entanto, sempre que ouvia e ouço me remete a uma referência a Caetano e a ousadia do tropicalismo para ele, Sidney, que era um tradicionalista, um sambista de classe média.

“Que rapaz é esse?/Que estranho canto/Seu rosto é santo/Seu canto é tudo/Saiu do nada/Da dor fingida/Desceu a estrada/Subiu na vida/A menina aflita/Ele não quer ver/A guitarra excita/Pois é, prá que?”. Pois é prá quê é uma toada triste, como a sua letra, mas bonita em sua melodia arrastada e seus versos de pura inquietação.

Vídeo: Youtube (Pois é prá quê - MPB4)

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