terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A bola de ouro e as bolinhas brancas.


Há uma espécie de orfandade esportiva quando não conquistamos o reconhecimento do mundo para os nossos atletas, seja de que modalidade for. Isto fica mais explícito no futebol onde a visibilidade e o interesse são bem maiores. Depois de Pelé, Zico, Romário, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, estamos sempre a procurar o nosso maior do mundo ou pelo menos o nosso candidato ao estrelato. Mas, parece que esta fama tem que vir após uma passagem pelos campeonatos europeus, que são em verdade os mais ricos e recheados de grandes nomes e de grandes craques, mesmo. Aqui, abaixo da linha do Equador, pode se fazer o barulho que fizer a imprensa internacional, em especial a europeia, tem que ver prá crer, assim como São Tomé.  

Se dependesse da isenção, ou de sua falta, os nossos jornalistas esportivos já teriam escolhido há muito tempo o jogador Neymar, do Santos, como o melhor do mundo, mesmo que o mundo da lua e, na noite de ontem quem ostentaria a bola de ouro seria o “nosso melhor do mundo” e não o de fato melhor do mundo, Lionel Messi. E para fazer jus à fama, o “nosso melhor do mundo” não usaria um paletó preto de bolinhas brancas, mas receberia a homenagem com uma coreografia de música de Michel Teló ou Gusttavo (com dois “t”, pois não é um Gustavo qualquer) Lima, outros melhores do mundo, e o mundo ia ver o que era bom prá tosse.

Sempre vi Neymar como um grande artista, para quem um time de futebol ser composto por 11 jogadores é apenas um detalhe, pois bastaria ele e, mais dez para fazerem coreografias após cada gol marcado, claro que por ele. Uma espécie de foca amestrada, um malabarista do sinal vermelho dos campos de futebol, desses que você encontra no circo Garcia, no Cirque du Soleil ou no sinal vermelho mais próximo.
Entre o Lionel Messi e o “nosso melhor do mundo” há não apenas os gols, a maestria, a naturalidade de quem carrega um imã no pé esquerdo de onde a bola não se desgruda, mas a postura de quem jamais o veria cercado por dancinhas de pagodeiros, “marias chuteiras”, poses de ostentação em carrões e iates de luxo, barba e bigode louros, tudo a confirmar que a origem e a educação também precisam ser as melhores do mundo.
Foto: Lionel Messi - O melhor do mundo.

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