Enfim consegui o
vídeo da peça publicitária que fiz para o Shopping
Barra, em 2006, como parte da
campanha do Dia dos Namorados, daquele
estabelecimento comercial, cujo caminho da cruz já relatei aqui neste espaço,
mas que volto ao tema para ilustrar o vídeo.
As gravações,
apenas a parte que me tocava, foram feitas durante uma manhã de sábado, numa
das ruas do Horto Florestal e cujo camarim
da filmagem era a mansão de uma senhora amiga de alguém da produção. Ali a
equipe se reunia, eu trocava de roupa e recebia as instruções verbais do que
deveria ser feito e que depois seriam ensaiadas no próprio local da filmagem.
Era algo simples que talvez desempenhasse sem qualquer dificuldade não fosse o
diretor, um japonês paulista, um Aikra
Kurosawa mal resolvido, fosse tão exigente comigo. “Olha prá frente”,
“levanta a cabeça”, “suspende o guarda chuva”, “sobe no meio fio”, “desce do
meio fio”, “canta a música do MP3” era muita coisa, muito comando, muita
gritaria, para as 07 horas da manhã de um sábado e ainda debaixo de chuva.
Ainda que a chuva fosse cenográfica, ou até pior, pois gastava a água da
vizinhança e que alimentava uma espécie de enorme chuveiro sobre a minha cabeça e que me acompanhava
nesta via sacra sob os gritos do japonês. Pensei em desistir e
mandar o japonês para alguma esquina da Nagasaki
em 1945, mas resisti pela gentileza da equipe de produção em especial da
jovem Lívia que havia feito o
contato comigo.
Próximo de meio
dia o resultado foi dado como satisfatório após a repetição da cena em pelo
menos 10 ocasiões e cujas interrupções também atendiam a entrada e saída de
moradores de suas residências e o lanche oferecido pela produção para aguentar
o repuxo do japonês. Quando terminei a participação na filmagem o boné de
mafioso italiano, o pulôver, a camisa e calça de fino corte que usava, assim
como o sapato estavam em estado desolador e provavelmente recusados pelo
primeiro carente que se apresentasse. Hoje revendo o filme, dá prá ver como o
cinema é terra do faz de conta, pois tudo aquilo que gastamos uma manhã para
fazer, em que pese o japonês, foi reduzido a poucos segundos em que apareço
cantando e dançando, ou melhor, tentando, na chuva, como um Gene Kelly mal-ajambrado.
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