Mais uma vez, outra noite, insone ou não, ouvindo a Rádio Globo e os seus panoramas esportivos, transmissões de jogos (do Flamengo) ou o programa do Beto Brito e seu imenso e farto baú musical. Esta madrugada voltei a ouvir uma música de Erasmo cuja última audição deve estar datada na época da Jovem Guarda, a quarenta e lá vão pedras de anos atrás. Era o Caderninho e sua ingênua e pueril vontade de ser o receptador dos desejos e pensamentos de sua paixão na condição de ser o seu caderno; assim como o Chico, que quis ficar no corpo da amada feito tatuagem. São contextos e épocas distantes e uma poesia e um texto que intelectualmente não se tocam, nem sequer se tangenciam. São diferentes, mas iguais em minha admiração.
Tantos anos depois e, daquele Erasmo nem sombra. Desde que o Rei sentenciou “e que tudo mais vá pro inferno”, que Erasmo foi aos poucos descendo as escadarias opostas àquelas a que o Rei subia, até desaguar na rebeldia e na transgressão do rock. Graças a Deus! Então, daquela docilidade do Caderninho até o CD Sexo de 2012, muito rock rolou sob a ponte, como a faixa Kama Sutra deste disco, onde Erasmo lista as posições de fazer amor, recorrendo a verbos que não cabem (ou cabem!) muito bem numa frase musical, muito menos poética. Erasmo sim; é o cara!
Foto: O Rei, Wanderléa e Erasmo
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