Número recente da revista BRAVO, trazia uma longa entrevista com a cantora Marisa Monte que posou de modelo para
uma bela foto que ilustra a capa desta edição. O entrevistador veio vestido e
armado com as armas de Jorge, não
para defender ou entrevistar, mas para encostar a grande artista
na parede. Era nítido o intento do repórter de desmerecer os últimos trabalhos
de Marisa, insinuando como fáceis,
populares, comerciais, vendáveis (como se todos não fossem) abandonando uma
possível elitização de seu trabalho. Ela, elegante, carismática, com um senso
de preservação e exposição de sua imagem única no meio artístico, desmantelou o
cara ao afirmar que queria vender tanto quanto Paula Fernandes. Prá quê? O entrevistador enfim se deu conta de que
estava frente a uma artista popular, querida e, que almejava o grande público,
mesmo que o grande público não passasse nem pela porta, muito menos pela
bilheteria do TCA com ingressos a R$320,00. São contradições do “show
business”.
Mas, aqui entre nós, os últimos discos de Marisa são um prato feito para o
pessoal do “arrocha” e afins que “aboleriza” tudo que vê pela frente, seguindo
um gosto popular que talvez Marisa
não pretendesse, mas que deu munição. Desde Amor I Love You era audível que o motor da barca ia dar pane ou que o lucro e o estofo a sua conta bancária não era algo a ser desprezado e, se o
meio era este que viesse os fins.
Marisa foi um sopro de
juventude e bom gosto a nossa música em determinado período da canção popular,
onde a mesmice era a tônica, mas como tudo foi levada de roldão pela crueldade
capitalista. Marisa, como nós, sabe
o preço do Leite Ninho, das
mensalidades escolares, do preço da gasolina, da margarina, do curso de inglês,
dos ingressos de cinema e teatro, das lojas da Oscar Freire deste mundo onde quem entrou não sai. Já que tá dentro,
deixa estar!
Foto: Marisa em estado de graça - Verde anil, amarelo, cor de rosa e carvão
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