sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Meu Senhor dos Navegantes, venha me valer!


Fiéis acompanham procissão de Bom Jesus dos Navegantes (Foto: Imagem/TV Bahia)
 
Após as primeiras horas do Reveillon, logo nas primeiras horas do primeiro dia do ano, os fieis começam a chegar para a missa na Catedral de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Ou chegavam, para uma celebração que por vezes era realizada no adro da igreja para uma multidão que se comprimia por toda a extensão da Conceição até o Elevador Lacerda. Eram assim as celebrações iniciais da procissão de Nosso Senhor dos Navegantes pelo mar da Baia de Todos os Santos até a Igreja da Boa Viagem, na praia do mesmo nome.

Muitas vezes, como este ano, acompanhei a saída da imagem de Senhor dos Navegantes até o cais da Marinha onde marinheiros conduziam a galeota com o santo, dando inicio o desfile pelas águas da Baía. Era, e apesar de decadente continua sendo um espetáculo de bela plasticidade, principalmente se em dia de sol em que as águas azuis da baía brilham ainda mais ante a passagem de tantas embarcações. De longe é uma demonstração de fé comovente, de dentro da procissão é a profanação misturada com um pouco de credulidade, regada a samba, suor e cerveja.

Como em toda festa religiosa, em especial aquelas que ainda se mantém apesar da mudança dos hábitos e costumes religiosos de grande parte da população, aqui em Salvador o sagrado e o profano sempre seguiram o mesmo passo e espaço. Aqui todos vestem branco sexta feira, fazem o sinal da cruz diante da cada igreja, tomam banho de pipoca á luz do dia, respeitam os ebós de cada encruzilhada, prostam-se diante de galhos de arruda da preta velha, carregam no pescoço ou na cintura o colar de conta de seu santo, comungam aos domingos, depositam moedas nos cestos de oferendas das iaôs, carregando na mão, na maioria dos locais, uma latão da Schin.

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