A discussão é ociosa, pois sempre carregada de preconceito, quando
se trata de letra de música popular, se é ou não poesia. Afinal o que é a
poesia, se não a invenção da verdade de cada um para deleite de tantos, criação
de seu próprio e utópico mundo.
Questões de vestibulares de várias partes do país estão sempre
colocando como interpretação de textos, ao lado de nossos grandes escritores e
poetas, letras de canções populares de compositores brasileiros. Professor Pasquele Neto, em sua coluna
na Folha, frequentemente usa letra
de música para exemplificar, e bem, construções de frases, etimologia da
palavra, metáfora, sintaxe, uso do pronome obliquo enfim todo esse “arerê” que
é a língua portuguesa.
O disco Alma lírica
brasileira de Mônica Salmaso traz uma canção do maestro e pianista Nelson Ayres, chamada Noite, que desde que ouvi chamou minha
atenção a atmosfera sufocante de seus versos, uma paixão dilacerada, um coração em sobressalto que me trouxe a lembrança de Augusto
dos Anjos. A melodia casa com esta densidade poética dos versos. Ouçamos!
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