Boi Neon foi um dos filmes mais
interessantes lançados no primeiro semestre deste ano. Não só pela
originalidade da história que o diretor pernambucano Gabriel Mascaro levou às telas, mas principalmente pela
desmistificação de certos estereótipos que rondam a região nordestina. Está lá
o sertão árido, poeirento e seco, analfabeto e rude, mas ao mesmo tempo com o
pé na modernidade trazida pelo polo industrial de roupas para a população de
baixa renda.
O curioso é que convivem no mesmo espaço a
selvageria das vaquejadas e o interesse pela costura, pelo fazer estilístico, querendo
cobrir o corpo das modelos das revistas de mulheres nuas. Como o vaqueiro Iremar (Que nome!), vivido pelo ator Juliano Cazarré, que cuida dos animais
que são levados para as arenas das vaquejadas, cuidando em especial dos rabos
dos bois e nas horas vagas se dedicando a tecidos, linhas e máquina de costura.
Mas, tudo em universo de uma macheza, digamos delicada, assim como sua companheira Galega interpretada pela atriz Maeve Jinkings que dirige caminhão e lida com
ferramentas, pneus, motor com muita habilidade mecânica, sem, no entanto perder
a feminilidade.
O sertão não vai virar mar, como prenunciava o
profeta Antonio das Mortes em Deus e o diabo da terra do sol, do Glauber Rocha, mas é um outro sertão,
até mesmo na sexualidade explícita de vaqueiros em cenas excessivamente longas.
Por sinal tem sido uma característica destes novos cineastas recifenses, mas
isto é tão somente um detalhe de seus talentos comprovados em festivais em
várias partes do mundo.
Foto: Boi neon
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