quinta-feira, 2 de junho de 2016

Boi neon


Boi Neon foi um dos filmes mais interessantes lançados no primeiro semestre deste ano. Não só pela originalidade da história que o diretor pernambucano Gabriel Mascaro levou às telas, mas principalmente pela desmistificação de certos estereótipos que rondam a região nordestina. Está lá o sertão árido, poeirento e seco, analfabeto e rude, mas ao mesmo tempo com o pé na modernidade trazida pelo polo industrial de roupas para a população de baixa renda.

O curioso é que convivem no mesmo espaço a selvageria das vaquejadas e o interesse pela costura, pelo fazer estilístico, querendo cobrir o corpo das modelos das revistas de mulheres nuas. Como o vaqueiro Iremar (Que nome!), vivido pelo ator Juliano Cazarré, que cuida dos animais que são levados para as arenas das vaquejadas, cuidando em especial dos rabos dos bois e nas horas vagas se dedicando a tecidos, linhas e máquina de costura. 

Mas, tudo em universo de uma macheza, digamos delicada, assim como sua companheira Galega interpretada pela atriz Maeve Jinkings que dirige caminhão e lida com ferramentas, pneus, motor com muita habilidade mecânica, sem, no entanto perder a feminilidade.

O sertão não vai virar mar, como prenunciava o profeta Antonio das Mortes em Deus e o diabo da terra do sol, do Glauber Rocha, mas é um outro sertão, até mesmo na sexualidade explícita de vaqueiros em cenas excessivamente longas. Por sinal tem sido uma característica destes novos cineastas recifenses, mas isto é tão somente um detalhe de seus talentos comprovados em festivais em várias partes do mundo.  

Foto: Boi neon

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