terça-feira, 17 de abril de 2012

Agamenon Mendes Pedreira - O chato.


Existem personagens que deveriam continuar existindo no campo da ficção, sem jamais se materializar em seres vivos nos palcos dos teatros ou nas salas de cinema. Assim me pareceu o Agamenon Mendes Pedreira, personagem do Hubert e do Marcelo Madureira que conheci desde os tempos do Planeta Diário, nos anos 80, jornal de humor que fez companhia ao Casseta Popular cujos editores e colaboradores depois se uniriam no programa Casseta e Planeta da Rede Globo. O Agamenon sobrevive em uma coluna no Segundo Caderno de O Globo aos domingos, sustentando Isuara, sua esposa e se arrastando em um Dodge Dart amarelo eternamente estacionado na frente do prédio do jornal.

As aventuras de Agamenon - O repórter, recentemente lançado no cinema carece de graça e humor para quem acompanha sua coluna e conhece a personagem praticamente desde a sua criação. As piadas são conhecidas e quando transportas para as imagens do filme perdem a ironia e o riso, pela canastrice e pelas cafajestadas de Agamenon, que na ficção são sugeridas e aqui se mostram escancaradas. Agamenon é um repórter que esteve presente em grandes momentos da história, como as duas grandes guerras mundiais a queda do Muro de Berlim o naufrágio de Titanic, as mortes de Getulio Vargas e John Kennedy, o aparecimento de João Gilberto, a caça a Bin Laden etc. Nestes momentos o filme consegue alguma atenção e interesse pelas montagens e pela recriação dos locais das tragédias em que a figura de Agamenon se faz presente em companhia de muitas e tantas celebridades, graças a estes efeitos.

Os depoimentos de Fernando Henrique, Caetano, Nelson Mota, Ruy Castro, Paulo Coelho, Zeca Pagodinho sobre o personagem apenas demonstra como é inverossímil a figura levada às telas do cinema, sem qualquer consistência com o ficcional das páginas de O Globo. É um filme chato e bobo. Se cuida Agamenon, alem de levarem Isaura, sua esposa, seu Dodge Dart amarelo, vão acabar lhe levando a coluna dominical, tal a chatice que a sua figura, que era simpática, inteligente e mordaz, se tornou após o filme. Como se não bastasse, Pedro Bial é o repórter que puxa o fio da história, o condutor da narrativa, de Agamenon. Pobre Agamenon!

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