Os três primeiros e imprescindíveis discos de João - “Chega de Saudade”, “O amor, o sorriso e a flor” e “João Gilberto” (1961) - e, que tenho em casa empilhados, por falta de espaço, de modo vergonhoso em um quarto dos fundos de nosso apartamento, jamais foram lançados em CD. Aliás, foram, mas do jeitão cretino que as gravadoras multinacionais costumam tratar um bem cultural, seja ele que importância tiver. Pelo ótica mercantilista desses malditos, um disco é um produto comercial como um sabonete, um chinelo, um quilo de pó de café, que abstraindo este valor cultural, é.
A EMI, que na época era a Odeon, onde João gravou aqueles discos, compilou e remasterizou ao seu modo os três discos em um CD denominado João Gilberto – O mito. São 38 faixas arrumadas sem nenhum critério e cujo processo de espremer todas estas faixas em um único disco, implicou em faixas fundidas e outras encurtadas, alem de terem a sua sonoridade alterada, segundo os ouvidos de João. Ele nunca se conformou com este atentado a sua obra e através de um advogado recorreu à justiça contra a adulteração praticada e impedindo a comercialização do CD – O mito, que também tenho (na falta dos discos originais lançados em CD, o Mito serve).
Mas, enfim, 20 anos depois João conseguiu a vitória de ter a sua obra preservada de interferências não musicais, isto é, comerciais. Agora se a gravadora inglesa - EMI quiser lançar os três primeiros discos de João terá que fazê-lo, talvez com a supervisão musical de Paulo Jobim, o filho de Tom e não por qualquer pau mando dos estúdios da EMI.
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