quinta-feira, 19 de abril de 2012

Se não vem a chuva, que então venha a festa.


Começa hoje na cidade de Jacobina – Bahia a Micareta Centenária que irá até domingo com atrações para todos os gostos e que deverá atrair grande número de foliões da região e do estado. Além da festa carnavalesca fora de época, a cidade comemora os seus 100 anos de fundação, de costas para a barragem de São José do Jacuípe, que abastece a cidade, embora esteja com apenas 11% de sua capacidade de armazenamento. Indiferente a este buxixo festeiro, a seca que assola a região da qual Jacobina está inserida e uma indesejada epidemia de dengue, com casos do tipo hemorrágica com óbitos, não irão estragar a festa. Nada que um trio elétrico, um grupo de pagode e uma das muitas rainhas do axé não resolva. Quanto à dengue, os que sobreviverem à Micareta tratarão de contê-la, finda a festa.

Não se pode exigir de todo administrador público a sensatez do prefeito de Tapiramutá, por exemplo, que enfrentando a situação próxima de uma calamidade pública no município e seus vivinhos fronteiriços, convocou a comunidade para decidir através de um plebiscito a manutenção ou não dos festejos de São Pedro, tradicional festa da cidade. Sabiamente a comunidade disse não, adiando a festa para um momento mais propício e menos sofrido para a sua população.

Certos administradores, ao contrário deste de Tapiramutá, que são maioria, infelizmente, não se furtarão em carregar água em cestos, onde quer que haja água, para mostrar que tá tudo bem, que a água não está tão escassa assim, dando como exemplo a sua residência e a de seus apaniguados. Com olhos na reeleição que lhe dará mais 04 anos de poder e nas nuvens do céu em busca da chuva que não vem, este gestor público põe na festa, no arraiá, o seu futuro político, refém que está de uma sociedade tão inconseqüente como ele, para quem o fim da festa é algo inaceitável, para uma cidade alegre, carente de festa.  

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