quarta-feira, 20 de junho de 2012

De dia sua flor, de noite seu cavalo.


Como era previsível, até mesmo pelo horário, a direção da novela Gabriela tá indo fundo na sensualidade de algumas personagens e que tudo indica rondará toda a trama, principalmente quando o foco se deslocar para as meninas do cabaré de Maria Machadão (Ivete Sangalo). Corpos modelares foram desnudados, a exemplo de Leona Cavalli, a Zarolha, quenga retada do Bataclan no primeiro capítulo e de Juliana Paes, Gabriela, a nova cozinheira de seu Nacif, em um banho de cuia que lavou os olhos de muitos corujões da madrugada.

Cena de impacto e intrigante no segundo capítulo foi a relação do casal Coronel Jesuíno (José Wilker) e Sinhazinha (Maitê Proença) que bem retrata a presença submissa da mulher em uma sociedade fechada e machista, como a Ilhéus dos anos 20, em que a sua atribuição como fêmea era de mera reprodutora. Atendendo aos caprichos do esposo o Coronel e Senhor, Sinhazinha procura a cama que ele ordenou, levanta a saia também obediente, para que ele o macho rufião deite sobre seu corpo imóvel e ofegante busque um prazer sem correspondência. A expressão de Maitê Proença na cena lembra um daqueles “personagens cabeça” dos filmes de Ingmar Bergman dos anos 60/70 que retrata mulheres alheias, frias, distantes dos vícios carnais de alcova. A única reação de Sinhazinha era fitar a imagem de São Sebastião, ao lado da cama, enquanto seu corpo servia aos instintos de seu Senhor, sem esboçar qualquer reação de prazer, mas de desconforto, de uma espera para que aquele momento não se eternizasse, não perdurasse e tivesse um desfecho o mais breve possível. Puro e bom cinema; essencialmente Jorge Amado!

Foto: Maitê Proença

Nenhum comentário:

Postar um comentário