Sábado passado ao me dirigir ao salão onde sempre corto cabelo, passei antes no largo em que Maroto, filho de D.Bilosa, irmão de Maria Elsa, tem a sua alfaiataria – Mário Alfaiate. Desde cedo Maroto teve com as agulhas, linhas, dedais, pedais de máquina de costura uma relação profissional que remonta a sua adolescência e que se mantem até os dias de hoje, aposentado, mas fiel ao oficio que lhe deu régua e compasso. Conversamos sobre trivialidades, assuntos familiares, lembranças de um outro tempo, de uma cidade que existiu, do que fomos e do que hoje somos de modo alegre e descontraído. Ele me falou de um sitio que tem próximo da sede e do milho verde e do feijão que este ano não terá, em razão da estiagem que castiga o município e região. Num dado momento, Maroto elevou o tom e desabafou: “Sabe Bau, (como ele me chama) eu gastava cinco minutos no banho, agora gasto oito ou dez; se molhava minhas plantas três vezes, por semana, agora molho todos os dias; se lavava meu carro no posto, hoje lavo em, casa. Tô pagando! Não vou economizar água p(*) nenhuma, prá forasteiro vagabundo vir prá cá, dançar, esculhambar depois ir embora deixando a gente com o balde vazio na mão”.
Ontem, em casa, no banho, me preparando prá retirar a espuma do corpo ensaboado, abri o chuveiro e senti dois ou três pingos d’água baterem em minha cabeça e era tudo o que tinha prá me virar com sabão no corpo. Olhei prá cima injuriado e bradei: “Pô Maroto, qualé meu irmão, logo agora, na minha vez”.
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