sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ecologicamente na contramão



Sábado passado ao me dirigir ao salão onde sempre corto cabelo, passei antes no largo em que Maroto, filho de D.Bilosa, irmão de Maria Elsa, tem a sua alfaiataria – Mário Alfaiate. Desde cedo Maroto teve com as agulhas, linhas, dedais, pedais de máquina de costura uma relação profissional que remonta a sua adolescência e que se mantem até os dias de hoje, aposentado, mas fiel ao oficio que lhe deu régua e compasso. Conversamos sobre trivialidades, assuntos familiares, lembranças de um outro tempo, de uma cidade que existiu, do que fomos e do que hoje somos de modo alegre e descontraído. Ele me falou de um sitio que tem próximo da sede e do milho verde e do feijão que este ano não terá, em razão da estiagem que castiga o município e região. Num dado momento, Maroto elevou o tom e desabafou: “Sabe Bau, (como ele me chama) eu gastava cinco minutos no banho, agora gasto oito ou dez; se molhava minhas plantas três vezes, por semana, agora molho todos os dias; se lavava meu carro no posto, hoje lavo em, casa. Tô pagando! Não vou economizar água p(*) nenhuma, prá forasteiro vagabundo vir prá cá, dançar, esculhambar depois ir embora deixando a gente com o balde vazio na mão”.

Ontem, em casa, no banho, me preparando prá retirar a espuma do corpo ensaboado, abri o chuveiro e senti dois ou três pingos d’água baterem em minha cabeça e era tudo o que tinha prá me virar com sabão no corpo. Olhei prá cima injuriado e bradei: “Pô Maroto, qualé meu irmão, logo agora, na minha vez”.

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