domingo, 3 de junho de 2012

A liturgia do cargo.



Acredito que a biografia dos políticos brasileiros, em sua grande maioria, pode ser escrita num rolo de papel higiênico, sem nenhum menosprezo ao papel em nossa higiene pessoal. O maranhense e eterno senador por qualquer coisa, o Zé Sarney, poeta, acadêmico, autor de Marimbondos de fogo, um sucesso familiar, pode muito bem ter a sua história e a sua passagem para a posteridade registrada nos anais sanitários. Uma frase sua, no entanto se imortalizará e fará jus a esta fajuta imortalidade acadêmica, bem mais que os seus poemas em Marimbondos de fogo que ninguém leu, nem lerá: “A liturgia do cargo”. Uma espécie de mantra, de aura que paira sobre qualquer cargo público, misto de respeito e reverência por aquilo que se exerce.

A lembrança da “Liturgia do cargo” me ocorre num momento em que um ministro do Supremo Tribunal Federal, um ex-presidente da república e um ex-ministro de estado se despem da tal liturgia do cargo para se portarem como três comadres nervosas em bate boca de esquina, para espanto da vizinhança que paga os seus salários e que se não pede respeito, porque inútil, pede-se silêncio.   

Foto: Os três Patetas

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