“É essa juventude que diz que quer tomar o poder” vociferou um tropicalista indignado nos finais dos anos 60, ante uma platéia recheada por uma esquerda universitária ávida por novos “Vandré”, novas “Caminhando”, uma “Merselhesa” verde-amarela, para tornar musical a sua utópica chegada ao poder. Deu no que deu, para ambos os lados. A juventude agora não quer o poder, porque ela já tem o poder. Pouco importa se um poder consentido e conduzido pelos verdadeiros donos do mafuá que ditam a moda, a música, o modo de vestir e pensar, quando pensa e, consume tudo que seu mestre mandar.
Todo este papo de sociologia de balcão ou mesas de plásticos dos bares “pé sujo” da Baixinha e adjacências serve como pano de chão para compreender este fervor juvenil em torno de uma “coisa” como Aviões de Forró que fechou os festejos juninos da cidade alegre. Música pobre, triste, arrastada quando não pornográfica, sem qualquer sutileza, trocando, por incapacidade poética, a graça do duplo sentido pela linguagem rasteira e chula. Um teco-teco cabeça chata se apropriando da marca e do ritmo que imortalizou Gonzagão, por ironia o homenageado da festa de São João, este ano. O forró não merecia este avião desgovernado cuja mira e alvo é o dinheiro fácil, o sucesso acima de seu próprio preço valorizado por jovens que são o reflexo dos criadores da música que consumem.
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