terça-feira, 25 de setembro de 2012

Lá como cá os foguetes espocam no ar


                                                                     
Em Morro do Chapéu como os morrenses. Em poucos dias, alguns momentos, talvez horas, ouço, absorvo e falo “moço”, “prosa ruim”, “deixa quieto”, “e aí cumpade” como se fosse um deles e pudesse desfrutar e difundir a simpatia e a hospitalidade própria da cidade. O momento, no entanto, que vive a cidade é similar a qualquer outra cidade interiorana e suas disputas pré-eleitorais. Os mesmos comícios, carreatas, músicas e foguetes. Quanto aos foguetes há controvérsias. Por aqui, o que se explode de foguetes a qualquer hora do dia é o equivalente a toda campanha de muitas cidades do estado. Com ou sem razão, haja ou não concentração de candidatos, os foguetes varam o céu da cidade anunciando... nada importante, a registrar ou comemorar, apenas uma superioridade barulhenta na falta de outros atributos a serem exibidos. 

Vale notar que lá, ali, aqui e acolá a farra pirotécnica tem sempre uma origem e, ela está nas ruas, praças e becos de onde e de quem deveria vir o exemplo, a conduta irretocável para uma autoridade eleita e legalmente constituída, mas tentando a reeleição. É a velha viúva bancando o convescote com o dinheiro público. Nisto todas estas cidades que têm um candidato buscando a reeleição se equivalem. São iguais na gastança de gasolina ou outro combustível, até bujão de gás, foguetes, carros de som, peça publicitárias, compras de votos e todas estas iniquidades que a velha política assistencialista e formadora de currais eleitorais é capaz. E isto não cabe em uma ficha, suja ou mesmo limpa, mas num rolo de papel higiênico onde a biografia destes gestores será escrita, se que alguém, algum dia se deterá na vida pregressa destes aleijões sociais e políticos.    

sábado, 22 de setembro de 2012

O que foi feito devera.


Nunca duvidei das intenções de O que foi feito devera (ou de Vera) de Milton, Fernando Brandt e Márcio Borges em falar da vida, dos sonhos, das frustrações, do que não se consumou e que era a verdade nossa de cada dia. E aí, o que foi feito de nós? Como se despertássemos de um sonho, certos de que “outros outubros virão”, “que é cobrando o que fomos/ que nós iremos crescer” como nos fez crer a vigorosa e pungente interpretação, dessa canção, por Elis e Milton.

Como li recentemente sobre os sequestros de embaixadores, americano, japonês, suíço, alemão, por militantes de esquerda nos anos 70 e das sessões de tortura aplicada a uma jovem de 21 anos, Vera Sílvia Magalhães, entre outros, trocada pelo alemão Ludwig Von Holleben, fiquei a meditar sobre o “devera” da canção de Milton. Podia não ser somente o advérbio, mas uma possível “de Vera”, cuja reclusão após a sua militância e anistia até o seu falecimento em 2007, se encaixariam nas desilusões e no sofrimento causado por sonhos não realizados, mas vividos perigosamente, nas notas e nas vozes da canção. 

Foto: Milton Nascimento

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Aquilo roxo!


Não se podia exigir ou sonhar com a criatividade de feras da indução eleitoral como os marqueteiros Duda Mendonça ou João Santana à frente de campanhas como as dos candidatos a Prefeitura Municipal da cidade alegre. Mas que pelo menos aliviasse o mau gosto e a falta de imaginação que se vê em peças publicitárias que subestima o eleitor e a sua capacidade de discernir o convincente daquele de pobre pretensão critica.

O exemplo mais claro desta bobagem pretensiosa é dado pelos adeptos da candidatura para a reeleição do atual prefeito onde as vítimas da chibata pública ou devedores de favores idem, exibem em seus veículos em letra A, no formato gráfico de imprensa, no tom lilás, ou roxo como pretendem e, assim fazer sentido a mensagem subliminar proposta. No vértice da letra A está, em amarelo, a terceira pessoa do verbo ser, É, e assim complementar a idéia que expressa “É arrocho”. Simples assim, não? Não, pois alguns desprovidos de senso crítico, e falta de percepção artística, vêem à peça como “aquilo roxo” numa lembrança imprópria do ex-presidente Fernando Collor. Pensando bem, não tão imprópria assim, já que talvez aí resida todo o significado de quem “atira o que viu e mata o que não viu”. Em publicidade tudo se sabe.    

Fotomontagem: Blog

Como nazistas em Nuremberg


Parte de uma rotina matinal enquanto me preparo para as primeiras caminhadas do dia, ouço o Café com Noticias da Rádio Itatiaia – Minas e, as primeiras notícias do dia que vai nascendo. Resultados do futebol, das loterias, a pauta da Assembleia Legislativa de Minas, bem como da Câmara de Vereadores de BH e principalmente as manchetes dos principais jornais do país. Como que numa solene e fétida unanimidade os jornalões O Globo, Folha e Estadão repetem e repercutem em suas manchetes ecos do tribunal de exceção que julga um difuso processo do mensalão. Não vale apenas julgar e condenar possíveis culpados, mas buscar de modo covarde e golpista demonizar o Partido dos Trabalhadores e seu líder maior, o ex-presidente Lula, independente dos condenados que já surgiram e deverão engrossar a lista de réus, conforme traçou e desejam estes mesmos jornais e a elite branca e preconceituosa que eles representam. Em nenhum outro jornal do país, a não ser muito raramente, vê-se qualquer alusão a este programa televisivo que busca audiência e, jornais decadentes em busca de novos incautos leitores e o aumento de suas tiragens. Nem uma coisa nem outra, como se depreende.

O Partido dos Trabalhadores - PT é o único partido político que tem uma origem popular, graças às lideranças sindicais do ABC paulista que em seus movimentos grevistas, nos anos 80, vislumbraram a possibilidade de um canal político como escoadouro para as reivindicações salariais e sociais frente a seu contraponto capitalista, seus patrões. E eles e seus jornais, bem como as instituições responsáveis pelo ordenamento jurídico e social do país até festejaram a entrada em cena deste partido político, porém nunca aceitaram que um operário, analfabeto, nordestino pudesse tomar as rédeas deste país por dois mandatos consecutivos e deles se afastar com uma aprovação de quase 80%. Ao Palácio do Planalto ele poderia entrar como um dos muitos serviçais que lá atua jamais como chefe supremo deste país. Esta indignação e revolta perpassou todos os seus dois mandatos e continua como pagamento de um pecado que ele tem que purgar ao que parece pela vida inteira. Ele, seu partido, seus correligionários. Eles passarão, nós passarinhos, relendo Mário Quintana.

Charge: Bessinha

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Farofa de dendê no ventilador!


Como era de se esperar a campanha eleitoral em Salvador, à proporção que se aproxima de seu término, apresenta, com certa nitidez, um quadro de polarização entre o candidato do DEM(o) e do PT. E nesta disputa entre os dois candidatos os seus marqueteiros estão desenterrando fatos ocorridos há 07, 05 anos atrás para reavivar a memória do eleitorado e logicamente atirar pedras e farpas no alvo político de seu interesse. Vale lembrar que quem iniciou a exibição destes filmes que buscam o comprometimento do candidato com o atual mandatário municipal, João Henrique, que um dia ajudou a eleger e, que hoje viras às costas como quem vê um cão sarnento, foi o candidato do PMDB, Mário Kertész. Obviamente, que a vítima da cruel lembrança é o candidato ACM Neto, o Grampinho, que afirmou em vários momentos do horário eleitoral gratuito, “disse não ao PT, mas digo sim a João” e, hoje não quer arcar com as consequências do gesto, dizendo que não disse o que disse. Durma-se com um barulho desses!

Mas, o pior ainda estava por vir e é era previsível. Incensado por percentuais generosos alcançados nos últimos levantamentos dos institutos de opinião, o candidato Nelson Pelegrino do PT foi buscar um filme 2005 do candidato Grampinho na tribuna da Câmara de Deputados. Em um desses momentos de doçura e ternura tão próprias de seu avô (de triste memória) de quem herdou a lhaneza e a candura ameaçou o presidente Lula com uma surra, que daria juntamente com o lutador de jiu-jitsu e nas horas vagas, à época, senador do PSDB, Arthur Virgílio, derrotado nas eleições de 2010, quando tentava a reeleição. Isto repetido hoje em horário eleitoral, com certa insistência, causa um desconforto, mesmo vergonha e arrependimento do destempero que não há remendo que Grampinho procure para consertar o estrago. O que a divulgação do filme pode render em dividendos eleitorais é uma outra história, mas que incomoda, não deixa dúvidas que sim.

Segundo as pesquisas divulgadas, os números hoje indicam que haverá segundo turno em Salvador o que modifica o quadro até então apresentado de uma vitória carlista ainda no primeiro turno, que Deus não há de permitir. É a volta do cipó de aroeira!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Salve Jorge!

O nível de insegurança que permeia esta região do estado, cujo exemplo mais flagrantes são os freqüentes assaltos às agencias bancárias de Tapiramutá e Cafarnaum tende a se espalhar pelas famílias, comércio tal a facilidade de ação destes meliantes. Sábado passado, um empresário do ramo de gás liquefeito, de Miguel Calmon - Ba teve a sua residência invadida as 11:30 hs quando se preparava para o almoço com seus familiares. Os bandidos exigiram todo o dinheiro em seu poder e receberam, mas como eles desconfiaram de um volume maior em um dos seus bolsos pediram que ele entregasse o restante do valor, o que ele não obedeceu. O empresário entrou em luta corporal com um dos bandidos, sendo alvejado pelo outro com tiros no braço e abdômen. A vítima se encontra internado em observação, no Hospital Português, em Salvador

O fato é indicativo do que irá gradativamente acontecer em proporções imprevisíveis, já que se depreende de ações semelhantes a incapacidade policial de frear ou capturar os autores de delitos como esses. Resta pedir proteção a São Jorge e “andar vestido e armado, com as armas de Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me enxerguem, nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem ao meu corpo chegar, cordas e correntes se quebrem sem ao meu corpo, amarrar”. Salve Jorge!       

domingo, 16 de setembro de 2012

É verão, bom sinal, já é tempo


Aqui nos trópicos, a exceção de alguns estados do sul, onde as estações do ano são quase bem delineadas, nós nordestinos só conhecemos o inverno e o verão e por vezes não tão claro, nem escuro, assim. Na cidade alegre, alem da temperatura política, já estamos vivendo manhãs ensolaradas e tardes quentes ainda que alguns respingos do inverno que se vai, e surgem ao amanhecer, não cheguem a atrapalhar minhas caminhadas matinais.

Antecipando o fim do inverno, já recolhi os moletons, as camisas de malha e de manga comprida para algum lugar onde se acumulam as coisas temporariamente inúteis, até a chegada da próxima estação glacial. Sou solar, gosto do sol!

Alegria, alegria.


Estreou sexta feira, em Salvador, em várias salas de cinema, graças a uma concessão esporádica da indústria cinematográfica americana e seus bagulhos arrasa quarteirão, o tão esperado documentário Tropicália, sobre o movimento musical mais importante para a nossa música, ou tão, quanto a bossa nova. Sei que verei em cena, cenas que vivi como admirador ou que conheço como curioso observador e, se me permite a pretensão, de estudioso da nossa música popular.

Já sabia do trabalho do diretor Marcelo Machado e da sua busca por imagens inéditas dos baianos e de sues coadjuvantes, além daquelas disponíveis nos arquivos da TV Record onde praticamente tudo começou em termos de exposição e escândalo nacional. Poderia me alongar alem do necessário falando de assunto que me é tão caro e que colocou meus ouvidos, meus sentidos e sensibilidade em caminhos musicais que me trouxeram até aqui. Mas, me reservo para comentários posteriores tão logo assista o filme que verei neste final de mês, quando volto para uns breves dias em Salvador. Alegria, alegria!

Meu rei, tô indo.


 
 
Recente estudo do instituto PROTESTE, publicado na revista Você S/A traça uma radiografia de Salvador que nos impele, num primeiro momento, a sentar no meio-fio e chorar. Passada, momentaneamente, a tristeza do quadro vem a lembrança de que a cidade tem um prefeito e o estado um governador, além de um histórico de descaso e indiferença com as mazelas da cidade, que foram crescendo até se transformar neste monstro urbano que é hoje a nossa capital. Será que o crescimento urbano, a falta de planejamento habitacional, da queda qualitativa do ensino público, da política ineficiente de geração de emprego são frutos do acaso de uma difusa geração espontânea ou de uma omissão deliberada dos poderes públicos destes e de governos anteriores? Tudo isto e muito mais.
 
O episódio vergonhoso da orla de Salvador é um dos muitos exemplos de abandono, de negligência do poder público, passível de uma ação pública de responsabilidade jurídica do município, independente da interferência de órgãos governamentais, de natureza ambiental, que em muitos casos atrapalham mais que resolvem. Se a orla de Natal, Aracaju e Maceió, por exemplo, pode ostentar a beleza paisagística que hoje deve orgulhar seus moradores, sem ao que se sabe ferir preceitos ambientais, por que estes mesmos órgãos ambientalistas criam toda esta infindável teia de problemas para a orla de Salvador?

Só mesmo a indignação, o amor a cidade, a estupefação diante deste quadro desolador da nossa cidade, a ficar procurando razões, formulando perguntas para o nada, para o além, certo de que não haverá resposta, muito menos solução. Resignado ou inconformado resta, por enquanto, passar a ser mais um entre os sete que em cada dez evita a sair á noite ou chegar tarde em casa com medo da criminalidade. Ser um dos seis ou mais no grupo de dez que evita ir a banco ou caixas eletrônicos com medo de ser assaltado. Enfim a palavra recorrente e que une todos é o mêdo. Salvador é uma cidade sitiada e humilhantemente classificada entre as piores, se não a pior, avaliada pelos seus próprios moradores quanto a segurança, mobilidade urbana, habitação e educação. Triste Bahia, oh quão dessemelhante!
 
Fonte: Você S/A (Valeu, Bruno) - Charge: Cau Gomez 

sábado, 15 de setembro de 2012

Amanhã há de ser outro dia


O tempo passa, o tempo voa e sábado próximo completo um ano de uma longa permanência na cidade alegre. Longa em relação aos breves dias que eventualmente me traziam até aqui. Voltando prá casa, como faço com certa frequência, sabia que nunca transferiria para aqui o meu domicilio eleitoral, mesmo sabendo que teria que alongar minha estada, em razão de compromissos comerciais, até um dia. Foi lá que adquiri a condição de escolher e eleger governantes, lá fiz bem ou mal a condução da minha vida, onde envelheci, vivi, amei, sofri, fui e sou feliz perto dos meus e das “coisas que plantei prá mim”. Razões que não me dão o direito de interferir nos destinos de uma cidade, como essa, alegre, participando do seu processo eleitoral. Mesmo assim, com muita clareza, sempre estive certo que não estaria ao lado dos que hoje lutam para permanecer onde estão e alguns sempre estiveram feitos sanguessugas ou muriçocas de cujo sangue público construiram suas vidas privadas.  

E aqui, é impossível ficar imune ao processo eleitoral que inicialmente caminhava para uma campanha modorrenta, sem emoção, tal a facilidade que se apresentava para a situação, viu tudo se transformar com a chegada em cena de uma improvável (política é como a nuvem, cada hora tem uma configuração, como lembrava Tancredo Neves) chapa oposicionista que jogou farofa no ventilador e incendiou a cidade. Aquilo que seria favas contadas, fato consumado deixou de ser, tal a empolgação demonstrada em todos os comícios, carreatas, palestras, reuniões promovidas por quem tem a seu favor o carisma, a simpatia e o trabalho em obras um dia realizadas, em contraponto a quem carrega o fardo da rejeição, antipatia e impopularidade, mas dispõe das tetas da viúva.

Não pensava ir a Salvador cumprir o dever cívico do voto, pelo cansaço, pela despesa e pelo quadro político que se desenhava e que não me motivava para o deslocamento.
Hoje já reavalio esta possibilidade, talvez a última para votar em um candidato a vereador que é um dos remanescentes de uma geração de político da estirpe de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Miguel Arraes, Darcy Ribeiro, Franco Montoro, Severo Gomes que é o professor e eterno sonhador Waldir Pires, este poço de saber, decência e humildade, que deveria servir de exemplo para certos fariseus que acreditam no dinheiro comprando consciências.
Em resumo, sou 40.     

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Nordestão voltou!

Por razões nem sempre muito bem explicadas a CBF sempre atuou como um entreve a realização da Copa do Nordeste, O Nordestão, entre os clubes da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Paraíba e Alagoas, suspenso em 2010. Sempre fui um entusiasta da Copa do Nordeste, não pelo fato do Vitória ter sido o grande campeão na maioria das edições já disputadas, mas por colocar em um mesmo balaio, realidades técnicas e financeiras próximas e equilibradas.

A rivalidade existente entre os times nordestinos, a paixão dos torcedores por seus clubes e a sua freqüência aos estádios se traduz em um forte apelo popular, proporcionando grandes arrecadações em qualquer das praças onde haja jogos. Rendas que na maioria das vezes estes mesmos clubes não conseguem quando chegam a Serie A e, menos ainda na Serie B do Campeonato Brasileiro. Talvez seja esta a razão da cobiça da CBF em ter sempre os times nordestinos na competição maior do futebol brasileiro, pelas arrecadações de que também se beneficiam os times visitantes do sul do país. O Nordestão voltou e o inicio será após as férias dos profissionais, no dia 19.01.2013.

O exemplo do Santa Cruz é emblemático. Disputando a Serie D do Campeonato Brasileiro, o time pernambucano consegue botar 40.000 torcedores em seu Estádio do Arruda, jogando contra times que não fazem parte do inconsciente coletivo futebolístico, assim como Íbis, também pernambucano e considerado o pior time do mundo, ganhando apenas do Tabajara, quando a vaca não joga.

Foto: Torcida do Santa Cruz em festa.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Eleição como feijoada na laje.


 
O prefeito e candidato à reeleição em Aporá– Bahia, na região nordeste do estado, foi flagrado em um vídeo, supostamente em atitude de compra de votos no povoado de Itamira. Até aí tudo bem, já que o mundo animal e mineral sabem como agem os candidatos em busca de um segundo mandato e seu espírito altruísta em defesa do voto do povo e de seus laços, seus contratos, suas amarras com o poder executivo. A diferença no caso do prefeito de Aporá é a sua, como dizer, cara de pau, ao justificar como um filósofo da beira do caís, “que a eleição é como uma feijoada, em que o voto é o feijão e o tempero é o dinheiro, muito dinheiro, pois o que dá gosto a feijoada é o tempero”. Ouve-se no vídeo a intervenção jocosa de alguns participantes do convescote gastrônomico, provavelmente a serviço do chefe de cozinha, sugerindo que o tempero também pode ser o mocotó, o rabo de porco, o lombinho numa demonstração que se o negócio falhar não será por falta de apetite, já que na hora de comer a fome é o limite, ou não. Ou pelo subserviente prazer de dar palpite onde não foi chamado.


É prudente que uns e outros que estão embarcando na busca de votos com a mesma voracidade eleitoral, utilizando outras vertentes filosóficas, já que desprovidos de pendores culinários, a começarem por suas panelas de barro, suas barbas, seus belos olhos em estado de alerta, pois podem estar sendo flagrado em atitudes semelhantes, o que poderá desandar o serviço, terminando por exalar odores de feijão queimado. Ou como se diz no mundo do crime: sujou!     


Enquanto a Rio 2016 não chega!

Mais parece um Fla x Flu, um Ba x Vi, um Gre x Nal que propriamente uma sessão do Supremo Tribunal Federal – STF, onde os ministros relator e revisor estão sempre às turras quanto a querelas jurídicas que vão surgindo no decorrer da pantomima chamada de julgamento do mensalão. Egos inflados, reações exacerbadas sempre à beira de um ataque de nervos, principalmente por quem não quer, nem admite, não aceita qualquer contestação, observação, ressalva o que quer que seja ao seu arrazoado acusatório. Aí daquele que se atrever a discordar da “prima donna” da ópera bufa em cartaz, pois verá um ministro bufando de descontrole, de dedo em riste contra o seu oponente, a tempo de atirar na cabeça do outro o símbolo da verdade e da justiça em uma fúria que “excelência” nenhuma poderá deter.

Os caras podem ser uma sumidade jurídica, conhecer a Constituição, de 1988, e o Código Penal, de Deus sabe quando, de frente prá trás, seus capítulos, seus parágrafos, seus incisos, suas vontades encobertas que toga nenhuma cobrirá a falta de educação, de cavalheirismo, de humildade destes senhores cujo único norte é a vaidade e o personalismo. 

Charge: Aroeira 

Um sinal, sem sair do amarelo

Conforme as condições climáticas, se pega uma onda de propagação sonora boa e a conseqüente sintonia da Rádio Globo AM – Rio. Quando não, é um festival de chiado e ruído que não há ouvido nem silêncio de alta noite que agüente e, faz com que no escuro da noite o dedo acione o dial em busca de algo audível antes do sono chegar, ou mesmo aquele estado de quase letargia que também já é sono. Assim, tateando encontrei a sintonia da Rádio Itatiaia AM de Belo Horizonte com uma clareza própria do acaso, bem como a descoberta do programa Itatiaia Dona da noite, de 00,00h horas até 04:00h, tendo a recepção de boas vindas com Elis cantando Cartomante. Fui fisgado e ali aportei desde então o incansável dial.

Cartomante de Ivan Lins e Victor Martins faz parte do disco de Elis de 1977, em que ela aparece sentada em uma cadeira de balanço com um olhar pensativo e distante numa fotografia colorida envolta por uma moldura preta. É o mesmo disco que trouxe Romaria, Caxangá e Transversal do Tempo, música de João Bosco e Aldir Blanc, que foi a lembrança primeira enquanto ouvia Cartomante na Itatiaia, e me fez reviver um show seu, do mesmo nome em Salvador nos idos de 78, no Teatro do Iceia. Claro que estava lá. Transversal do tempo, o show, tinha a direção musical de Aldir Blanc e Mauricio Tapajós o que já indicava a politização do repertório e de seu conteúdo, onde os amigos e companheiros eram saudados e os desafetos ridicularizados, a exemplo de Caetano que teve a sua nova composição Gente, interpretada por Elis com trejeitos efeminados, enquanto ao fundo uma placa exibia o letreiro, Beba Gente. Era uma alusão a Coca-Cola e a possível alienação do baiano. Mas, isto é outra história.

Em um cenário que lembrava vários andaimes de uma construção era o aparato cênico preciso para que Elis interpretasse Construção, Deus lhe pague, Saudosa maloca, e em especial, Cartomante, onde ela cantava “caí o rei de ouro/caí o rei de paus/caí o rei de espadas/caí não fica nada” que era uma associação forte àquela época, embora já se respirasse os ventos favoráveis da abertura política. O espanto ainda veria com Elis cantando Romaria com o rosto coberto por um véu, como se fosse Nossa Senhora, numa simbologia de poder que também teria que ser contestado, do que jeito que Aldir e Maurício queriam. Algo prá não se esquecer como tudo que Elis fez, apenas lamentar que o espetáculo tendo sido composto por mais de 20 canções tenha resultado em um disco ao vivo com apenas 09.

Felizmente, ter o prazer de voltar a ouvir Cartomante pela Itatiaia trouxe a exultante noticia de que o jornalista Rodrigo Faour conseguiu na gravadora Universal, naquela época Phillips, a fita com a íntegra do show e lançará ainda este ano, Transversal do tempo, em CD, do jeito que rodou os palcos do país. Elis vive 

Foto: Elis em Transversal do Tempo

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Amy Winehouse - The gril from Ipanema


 
A morte prematura de Amy Winehouse, em julho do ano passado ainda é sentida e lamentada por seus admiradores que viu em seu desaparecimento o fim da mais poderosa e brilhante voz do século XXI. Carreira e sucesso repentinos pelos seus dois discos lançados, em especial o Back to Black, a cantora britânica, Amy Winehouse, viveu pouco, mas o suficiente para despertar sentimentos quase opostos como amor e pena. Amava-se a artista de timbre diferenciado, agudo, afinado em contraponto a uma vida de bebedeira, porres destruidores, quedas, hematomas e doses cada vez mais intensas de drogas que lhe levariam para sempre.

Como sempre acontece no show business, a sua gravadora foi buscar com seus produtores, em seus arquivos, gravações não utilizadas em seus dois únicos discos para lançar o seu primeiro disco póstumo, Liones: Hidden Treasures. Pode parecer oportunismo, não deixa de ser, mas também satisfaz sua legião de seguidores ainda hoje perplexa com a sua morte. São gravações que não passaram pelo seu crivo de qualidade, para figurar em registro definitivo de sua carreira, mas nem por isso desprovidas de interesse, como as regravações de canções dos anos 60, como My day will come ou Will you still love me tomorrow que aparecem renovadas em sua voz, além de A song for you já gravada por Ray Charles ou Whitney Huston.
 
Curiosidade mesmo, para nós, é a sua versão de The gril from Ipanema (Tom e Vinicius), que mesmo em arranjo próprio ao seu estilo, é dançante, alegre e super-ritmada. É um disco póstumo, lançado em condições conhecida do mercado, mas faz jus a beleza de sua voz, que se por vezes não está à altura de sua breve carreira, seus produtores trataram de aproximá-la com a ajuda de “rappers” que fazem dueto com a cantora, complementando o material disponível. É sim, o terceiro disco de Amy, ainda que lançado sem a sua presença entre nós, no inicio deste ano.  

Onde todos são iguais, exceto o Vitória!

Vem sendo motivo de orgulho e de satisfação incontida a campanha do nosso rubronegro no Campeonato Brasileiro Serie B, de 2012. O começo do segundo turno com três empates seguidos dentro e fora de casa não chega a preocupar, no mínimo uma reflexão sobre este início de turno, já que mantemos a ponta da tabela em liderança absoluta. O empate contra o Criciúma, vice-líder, em casa, após estar em condição desfavorável no placar, em duas oportunidades, levou o Vitória a correr atrás do prejuízo, buscando o empate, que enfim saiu, contra um adversário que se apresentou tentando mostrar superioridade e, parecendo dizer que o líder também poderia ser ele. Poderia. Pois este mesmo Criciúma, na rodada seguinte, jogando em casa contra o América-MG, foi impiedosamente goleado por 4 x 0, numa noite prá catarinense nenhum lembrar.

Ontem foi a vez do Vitória experimentar o veneno que anda se espalhando não apenas entre os quatro primeiros, mas principalmente entre os quatro últimos que como náufragos, tentando sobreviver ao inferno da Serie C, se superam em campo, jogando de igual prá igual como se fosse um dos líderes. Contra o Boa Esporte, cujo time não é grande coisa, visto a sua colocação na tabela, mas cujo nome dá bons trocadilhos e piadas infames, botou o Vitória prá correr e suar no Barradão em busca de um placar conveniente, que sabe Deus como foi conquistado. Mas, conseguimos a primeira vitória do segundo turno e, graças a outra derrota do vice-líder, o Criciúma, nos isolamos na liderança com a vantagem de 07 pontos sobre o segundo colocado, ainda o time catarinense. Parece que nesta Serie B todos se igualam, pois parte da mesma bandalha, com exceção do Vitória prá quem fila andou, e todos nós esperamos continue em e na frente.  

Foto: Barradão

11 de Setembro de 2001 - Prá não esquecer!



Blog: Condominio de Ideias

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Salve lindo pendão sem esperança!


Pode até ser supertição, esta inflação de técnicos gaúchos no comando da seleção brasileira de futebol, desde a última conquista de 2002, no Japão, pela Família Scolari, de Felipão. Ou a crença pela CBF, de que os gaúchos detém um conhecimento técnico e tático acima dos normais. Não acredito, até porque brucutus como Dunga merece o esquecimento que parece se materializou nos clubes nacionais e de fora daqui, já que depois de sua experiência na África do Sul, ninguém se lembra de que Dunga um dia existiu. Melhor assim.

Mas, o celeiro gaúcho não tem fim, já que Mano Menezes taí mesmo para mostrar que se o negócio é enterrar o que foi um dia a referência de um futebol quase imbatível, orgulho nacional, o atual ranking da FIFA e, a nossa 12ª colocação é a mais perfeita tradução. Na falta de qualquer alegria, motivação ou crença que este bando sem comando possa chegar a algum lugar, serve até goleada por 8 x 0 contra a China, a ranqueada de número 78, pela mesma entidade do futebol. Só não dá prá rir, porque a próxima Copa do Mundo será por aqui, quando repetir a derrota na final, como em 50, para o Uruguai, é ter um otimismo sem qualquer base legal, já que os fatos indicam não chegaremos a final coisa nenhuma. A recente derrota para o México poderia ate é ser absorvida, não fosse a apatia e o futebol peladeiro em campo naquela oportunidade.

Se cair do chão não passa, já das pesquisas...

Candidato em campanha é capaz de qualquer gesto para se tornar simpático, amigo, irmão camarada do eleitor. Beija criancinhas catarrentas, alisa cabelos ensebados, afaga rostos cobertos de acnes, come tripa assada, bebe 51, faz passeio em pedalinhos nos parques públicos, paga todos os micos possíveis, achando que o ridículo tem seus dias contados, assim como os votos. Fernando Henrique, o sociólogo beiçudo, por exemplo, já comeu buchada em sua peregrinação eleitoreira pelo Nordeste, tentando se passar por um dos nossos, mesmo que o “day after” tenha sido em uma clínica  próxima ou em casa à base de chás, torradas, sucos de lima e maçã, suando frio a cada saída do trono.

Mas, nada como em São Paulo, onde o candidato a qualquer coisa, José Serra, para fazer frente à modernidade de seus adversários, em especial Fernando Haddad e Gabriel Chalita além de Soninha, cismou que também poderia fazer a sua performance juvenil e subiu em um skate. A foto acima que estampou a primeira página da Folha dispensa qualquer palavra como comentário a sua desastrada busca da juventude perdida. Só os “aspones” para livrá-lo do tombo no asfalto, já que nas pesquisas sua derrocada é insustentável com ou sem puxa-sacos.

Foto: Folha de São Paulo

Mensalão, do jeito que a imprensa quer.

Como os líderes da inconfidência mineira que nem sequer foram julgados, mas presos, mortos e esquartejados, querem o mesmo destino para os acusados desta abstração que é o processo do mensalão. Até o nome é impreciso, já que mensal significa uma periodicidade contínua como um salário, uma ajuda de custo ou um beneficio previdenciário. O termo foi criado por uma imprensa golpista e suja, que não tem credibilidade e isenção para julgar condenar e sentenciar ninguém, como se arvorou desde o primeiro instante que o assunto veio à tona pelo estardalhaço de um parlamentar cuja atuação poderia se restringir ao picadeiro de um circo.

Alguns conhecidos órgãos desta imprensa elitista e conservadora criou um script condenatório que o Supremo Tribunal Federal - STF parece seguir com o mesmo rigor jornalístico dos seus criadores, como que temendo a acusação de parcialidade no tal julgamento, já que a maioria de seus integrantes foi indicada pelo ex-presidente Lula cujo partido é a menina dos olhos dos corvos inquisidores. Vale lembrar que um dos julgadores é um ministro que concedeu em menos de 48 horas, dois “habeas corpus” ao estelionatário internacional, Daniel Dantas e notório desafeto do ex-presidente e de seu partido. O mensalão pode estar do outro lado.

Fotomontagem: esquerdopata.blogspot.com

Universidade para todos; os capazes.

Sempre relutei em aceitar as cotas raciais. “Calma pessoal do movimento negro; não evoque a Lei Afonso Arinos; não há crime em expressar uma opinião”. Sou mulato, moreno, tenho um pé na senzala, na cozinha como parte de vocês que saem em busca de uma vaga na universidade pública, atropelando quem se atreve atrapalhar ou por em dúvida a improvável justeza de sua pretensão. Entre o branco e o negro, como se parece querer dividir a etnia nacional, existe um mundo racial cromático tão claro e só escuro para quem não se vê, nem se aceita negro e está há léguas submarinas de distância da brancura “parmalat” do sul europeizado de nossa colonização.

Estudo do IBGE catalogou expressões auto-declaradas de nossa população que embora negra finge transitar por um arco-íris racial em busca da tonalidade que mais combina com seu figurino sem, no entanto, encobrir a sua matriz afrodescendente. “Morena ruiva, morena jambo, branca melada, branca morena, alva escura, clarinha, pálida, agalegada, avermelhada, burguesinha escura, quase negra, mista” são algumas das colorações da pele que cabem no mesmo saco e nada explicam, pois indefinidas. A balburdia racial serve como álibi para afirmações como aquela do personagem do Cabaré da Raça, do Bando de Teatro Olodum, de que a raça negra não existe, e sim, a raça humana. Universidade para todos sim, se possível para os mais capazes.

Quadro: Os Operários - Tarcila do Amaral

sábado, 8 de setembro de 2012

O jeito 171 de fazer política


 
Aliás, são muitos os modos de fazer politica e, lamentavelmente escolhe-se o pior, porque ali a colheita de votos é mais abundante e a perda da safra é pequena pelos serviços prestados. Detendo-se no lado mais rasteiro de uma eleição vem logo a lembrança de distribuição de dentadura, óculos, bengala quando estes acessórios fazia sentido na vida das pessoas, ainda faz é claro, mas não tanto quanto já foi um dia. Ontem. Não se sabe se o eleitor ficou mais esperto, menos cidadão, ou foi o corruptor que perdeu de vez a pouca vergonha que lhe restava, certo da impunidade ou da frouxidão das leis e seu manancial de liminares. Piso de banheiro e forro do teto, pintura da fachada das casas, contas atrasadas de Coelba e Embasa, telefones celulares, gasolina para motos e carros até o limite da data da eleição, por um curral, quer dizer, uma família de 05 ou 06 cabeças, quer dizer eleitores.

Veem-se casas simples com cadeiras na calçada, ou mesmo sem cadeira onde se senta no passeio, pois é mais informal para tagarelar sobre a vida dos outros ou da sua própria, com paredes descascadas, portas que parece não resistir aos mais distantes netos do furacão Isac. Como num passe de mágica, anoitece ruína e amanhece colorida em tons que a caixa de lápis de cor, da máquina pública, é incapaz de tirar o cinza de suas vidas sem brilho, sem cor. Como num ato falho que denuncia e esconde ao mesmo tempo a autoria da metamorfose plástica, a nova fachada da casa exibe ao alto a fotografia de seu benfeitor, acompanhado por quem imagina respaldar sua indecência. O julgamento do mensalão, parece dizer, só parece dizer que não, porque no fundo corrobora toda esta praga que corroí tudo ao seu redor, já que se sabe da teatralidade desses senhores da capa preta e dos seus atores. Qualé Brasil!  

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Flamengo, isto aqui é a bola, ali o gol, a rede...

Quanto a rede, uma explicação, ali é onde poderiam repousar os gols que vocês são incapazes de fazer, e não para dormir, já que isto vocês fazem em campo com ou sem rede, cama, banco de jardim ou papelão das Casas Bahia. Uma vergonha só. Talvez tenha sobrado tempo, com tantas tarefas inconclusas, para ver o jogo Cruzeiro e Botafogo, quarta-feira passada, pelo Campeonato Brasileiro serie A. Não pelo Botafogo em si, pois isto é uma freguesia doméstica que resolvemos no Campeonato Carioca e não vem ao caso, mas para assistir uma aula de profissionalismo, dedicação, responsabilidade dada por quem nada tem a provar aos 36 anos. A história de Seedorf foi escrita na seleção da Holanda e nos times europeus por onde passou e ganhou todos os títulos possíveis e angariou a simpatia e a admiração dos verdadeiros esportistas. A sua presença entre nós é bem mais pelas suas ligações afetivas com o Rio, já que sua esposa é uma bela jovem do Arpoador que pela caça dos euros como fazem nossos patrícios em cada canto do mundo. Seedorf apesar do tempo mantém intacta a capacidade de surpreender e proporcionar momentos admiráveis do bom futebol.

Seus dois gol marcados naquela partida poderiam até sair dos pés de Obina, Hulk ou outro “pt”, mas é bem mais prudente esperar feitura semelhante na inteligência e habilidade de um Romário, Zico, Maradona, Messi, Cristiano Ronaldo... neste nível. Mas, o que chamou mesmo a atenção foi a arrancada do holandês contra o cabeça de área, Leandro Guerreiro, que perdeu feio a guerra e o lance, permitindo que o Seedorf desse o passe preciso para que Jadson marcasse o terceiro e último gol. Uma pintura!.

Quanto ao Flamengo, espera a chegada de Adriano e seus problemas, assim que o atleta resolver com a comunidade do Complexo do Alemão a volta dos Bailes Funks do Imperador, proibidos desde a pacificação da favela. Ninguém merece!

Charge: Mário Alberto

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Os "songbooks" de Almir Chediak


Através do mercado informal, que não ousa dizer seu nome, tive acesso aos 03 CDs que compõem o “songbook” dedicado à obra de João Bosco. O “songbook” foi uma criação do violonista e produtor musical Almir Chediak que num trabalho inovador fez um levantamento da obra dos grandes compositores brasileiros, vertendo para a linguagem da cifra musical parte significativa destas composições. A meticulosidade deste trabalho pode ser expressa pelo cuidado do Almir em ter como referencia a assessoria do próprio compositor, que colocava a sua disposição a letra e a melodia originais da composição para a perfeita transcrição àquela linguagem musical.

Foi imediata a aceitação do trabalho por músicos, arranjadores e alunos de música que não dispunham no mercado, de livros com a qualidade apresentada pelos “songbooks”. O produtor musical, no entanto, resolveu ampliar o seu trabalho, popularizando a idéia e tornando acessível aos não iniciados com a teoria musical e, convocou vários artistas, os mais representativos de nossa música, para que escolhesse no repertório do compositor focalizado uma canção de sua preferência que teria como resultado a gravação de um CD. Um ou mais discos, a depender da amplitude da obra do compositor. Chico, por exemplo, foi agraciado com 08 discos, Gil com 03, Tom 05, Caymmi 04, Noel 01 (muito pouco!) e por aí vai, com Djavan, Carlos Lyra, Vinicius, Edu Lobo, João Donato e outros.

Mas, voltando aos 03 CDs que compõem a obra de João Bosco e que tenho escutado atentamente, as canções são originais no repertório de determinado artista, que em alguns casos chega a ser a primeira música daquele compositor gravado por ele. Tomo como exemplo Daniela Mercury, que teve a infelicidade de escolher Corsário do universo de Bosco/Blanc e patrocinar um festival de gritaria que, onde quer que esteja, deve ter feito Elis fazer muxoxo. É aquela história, algo que Elis tocou, gravou, virou ouro e não se pode transformar em bijuteria, pois é jóia para sempre. Mas há registros curiosos e muito bem sacados como a Mama palavra por Arnaldo Antunes; Nossas últimas viagens por Dominguinhos ou Enquanto espero com Ney Matogrosso enfim, muito mais acertos que derrapadas.  

Foto: João Bosco

"Por que virei à direita"


Tenho a antiga mania de ler colunistas de jornais, pouco importando se o jornal é de hoje ou do mês passado, já que o tema, o assunto da coluna não é a noticia do dia, a catástrofe noturna, para que se procure atualidade, mas o que representa a idéia, a opinião do articulista. Este hábito talvez tenha nascido nas leituras do Pasquim, nos anos 70, em especial nos artigos do Paulo Francis ou nas debochadas e irônicas observações sobre nosso país ou país dos outros, pelo Ivan Lessa a partir de Londres onde ele era correspondente da BBC. Hoje tenho minhas preferências que vão do Fernando Rodrigues, Eliane Catanhede, Ruy Castro, Carlos Heitor Cony, Marcello Coelho até o Agamenon Mendes Pedreira, não necessariamente nesta ordem, como costuma afirmar o pilantra marido de Dona Isaura, no segundo caderno de O Globo, aos domingos.

Enfim, leio o que se adéqua ao meu pensamento e ouço o que gosto ou aquilo que me convém como idéia que em geral não contesto e, aceito ou passo a comungar com aquelas intenções. Já me disseram que esta busca por iguais pode decorrer da fragilidade das minhas convicções que não resistem a um contraponto, uma réplica como se diz nestes tempos de mensalão. Pode ser, e daí? Se fosse tão original assim, não estaria aqui batucando estas trivialidades, pelo contrário, estaria rivalizando estas discordâncias, publicamente, em outro contexto, como se dizia nos anos 70. (Sou um saudosista!)

Pelos folhetos e revistas que recebo da Livraria Cultura, Saraiva e da editora Companhia das Letras tomei conhecimento do livro “Porque virei à direita” dos intelectuais João Pereira Coutinho, Luiz Felipe Pondé e Denis Rosenfield. Os dois primeiros são articulistas do caderno Ilustrada da Folha e o último é professor de filosofia da USP do Rio Grande do Sul. Como sempre disponho de uma considerável quantidade de cadernos da Ilustrada, graças a um amigo do prédio da empresa onde trabalhava, sempre estou às voltas com os textos do Coutinho e Pondé. Intelectualmente poderosos, luto como um Davi contra Golias para refutar o conservadorismo dos dois e as observações desairosas sobre os conceitos de sociedade, política, partidos, pessoas, utopia que adquiri e baseiam aquelas fragilidades intelectuais já denunciadas.

O livro é uma das minhas prioridades literárias, embora já conheça parte dos textos publicados na Folha, sei que foram enriquecidos por novos o que deverá tornar a leitura mais nova e instigante. Desnecessário dizer da qualidade dos novos fiéis conservadores e liberais, mesmo cuspindo no prato esquerdista onde um dia saciaram sua fome de entender o mundo

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Hulk ataca (no bom sentido) o Vitória.


O Vitória anda em estado de graça. Líder isolado da série B, mesmo empatando com o Criciúma, ontem à noite no Barradão, diante de 30 mil torcedores, tudo parece conspirar favoravelmente. As últimas contratações realizadas como Gilson, Willian e Élton caíram do céu dentro do time rubronegro como se fossem uns dos nossos há muito tempo, além do meia Pedro Ken ter se revelado o termômetro da equipe, dando régua e compasso para as boas atuações do time.  

A recente venda do atacante, Hulk,  do Porto para uma equipe da Rússia por muitos milhões de dólares e de reais, graças a uma repentina valorização conseguida após discutíveis convocações de jogadores para seleção, pelo senhor Mano Menezes. Merecidas ou não estas chamadas para integrar a seleção brasileira, bem como esta estranha valorização de Hulk, vão render ao Vitória a baba de R$2,3 milhões, por ter sido o formador do atleta, onde Hulk jogou durante três anos. Aliás o Vitória é reconhecido como o grande revelador de jovens atletas para o nosso futebol, bem como para o mercado externo. Dá-lhe Vitória!

Foto: Hulk

Palhaço!

É admirável esta interatividade, esta relação, não de extremo respeito ou reverência que as novas vozes da nossa música parecem estabelecer com vários expoentes do nosso samba mais tradicional, via Noel, Cartola, Nelson Cavaquinho, por exemplo. É a busca da qualidade da poesia urbana, da favela, do morro nestes e em outros criadores dos primórdios do samba que fincaram os pilares da música que poderia surgir a partir dali e, que seduz e desperta a curiosidade dessas novas vozes musicais, a que foram sendo acrescentados elementos da época em que foram redescobertos ou pinçados, sem desvirtuar a sua melodia, mantendo a integridade da canção. Já comentei aqui, o que Arnaldo Antunes e o guitarrista Edgard Scandurra haviam feito com o samba-canção de Lupicínio Rodrigues, a bela e estranha Judiaria, ainda que naquela época tenha chamado minha  atenção a letra machista do compositor gaúcho, bem mais que o solo estridente e rascante da guitarra do Edgard.

Para um samba de Nelson Cavaquinho inicialmente gravado por Dalva de Oliveira e que novas gravações foram surgindo nas vozes de Elizete Cardoso, Beth Carvalho ou Clara Nunes, dá a impressão que Palhaço já tinha se exaurido em termos interpretativos após os registros por estas grandes cantoras. Mas não, Nelson Cavaquinho continua sendo um poço cuja água nunca seca e que sambas como Folhas Seca, Juízo Final, A flor e o espinho, Luz Negra, Minha Festa e outras mais, não esgotaram a sua capacidade de nos surpreender, basta que para tanto esteja a frente da iniciativa, jovens talentosas como Céu, esta revelação da música paulista.

Em seu mais novo e terceiro disco, Caravana sereia bloom, a cantora Céu inicia os trabalhos com Palhaço de Nelson Cavaquinho e segue com composições próprias ou de jovens compositores com quem ela se identifica. E Nelson, para os desavisados, pode parecer um deles, já que a gravação de Palhaço começa a rodar com aplausos vindos de alguma plateia, ou de algum picadeiro, seguidos por um assovio de quem tem a voz arranhada por anos de cigarro e cachaça, como a de Cavaquinho, sons de bares, copos, moedas, violão grave que pontuam a canção em sua poesia, alem de modernizá-la, como se fosse necessário. “Sei que choras palhaço, por alguém que não te ama”. Há na nova música brasileira, algo além de Marisa Monte. É prazeroso descobrir.

Foto: Céu

Os dias eram assim!

As  ações da esquerda brasileira nos anos 70 contra a ditadura militar era silenciosamente comemorada por nós revolucionários de mesa de bar ou em troca de olhares reveladores nestes mesmos bares, a exemplo do Raso da Catarina, que funcionavam como uma espécie de organismos da esquerda festiva ou dark. Eram ações engendradas por grupos ou partidos de esquerda como ALN, MR-8, AP, PC do B e tantas outras que assaltaram bancos, se apropriaram de armas do serviço repressivo da ditadura e, principalmente sequestros de autoridades internacionais domiciliadas em nosso país. Destes sequestros o primeiro e mais ruidosamente (um silêncio ruidoso, se isto fosse possível) comemorado foi o do embaixador americano Charles Elbrick cuja libertação significou a liberdade e o exílio de companheiros estudantis presos como Luis Travassos, José Dirceu, Vladimir Palmeira, lideres políticos, operários e jornalistas entre outros.

A Comissão da Verdade já instalada e funcionando dentro dos limites do possível aos poucos vai revelando os porões da ditadura e do circo dos horrores que são as fotografias de presos políticos torturados, mortos ou alquebrados pela pancadaria desumana que acontecia naquelas reproduções do inferno e seus demônios.
Recentemente foi divulgada fotografia do grupo libertado em troca do embaixador alemão Van Holleben em que a jovem Vera Magalhães aparece sentada em banco junto aos demais companheiros libertados. Era uma exigência do organismo responsável pelo sequestro, para que se tivesse a certeza de que todos aqueles nomes exigidos estavam vivos, ainda que apresentasse sinais de debilidades face aos maus tratos recebidos nas seções de torturas. Com relação a militante Vera Magalhães, nesta mesma oportunidade foi divulgada outra fotografia em que ela aparece de pé, amparada por seu companheiro Cid Benjamim e outro militante, devido as suas precárias condições físicas que lhe fazia aparecer sentada na foto junto ao grupo, em razão das torturas sofridas no dia anterior.

A Comissão da Verdade tem que avançar e revelar os nomes destes maus brasileiros que a serviço do estado violentaram, torturam e mataram outros brasileiros que buscavam a liberdade, um estado de direito e cujo crime imprescritível deverá ser pago independente da patente do torturador.

Foto: José Dirceu - Anos 60.