Recente estudo do instituto PROTESTE, publicado na revista Você S/A traça uma radiografia de Salvador que nos impele, num primeiro
momento, a sentar no meio-fio e chorar. Passada, momentaneamente, a tristeza do
quadro vem a lembrança de que a cidade tem um prefeito e o estado um
governador, além de um histórico de descaso e indiferença com as mazelas da
cidade, que foram crescendo até se transformar neste monstro urbano que é hoje a
nossa capital. Será que o crescimento urbano, a falta de planejamento
habitacional, da queda qualitativa do ensino público, da política ineficiente
de geração de emprego são frutos do acaso de uma difusa geração espontânea ou
de uma omissão deliberada dos poderes públicos destes e de governos anteriores?
Tudo isto e muito mais.
O episódio vergonhoso da orla de Salvador é um dos muitos exemplos de abandono, de negligência do
poder público, passível de uma ação pública de responsabilidade jurídica do município,
independente da interferência de órgãos governamentais, de natureza ambiental,
que em muitos casos atrapalham mais que resolvem. Se a orla de Natal, Aracaju e Maceió, por exemplo,
pode ostentar a beleza paisagística que hoje deve orgulhar seus moradores, sem ao
que se sabe ferir preceitos ambientais, por que estes mesmos órgãos ambientalistas
criam toda esta infindável teia de problemas para a orla de Salvador?
Só mesmo a indignação,
o amor a cidade, a estupefação diante deste quadro desolador da nossa cidade, a
ficar procurando razões, formulando perguntas para o nada, para o além, certo
de que não haverá resposta, muito menos solução. Resignado ou inconformado resta,
por enquanto, passar a ser mais um entre os sete que em cada dez evita a sair á
noite ou chegar tarde em casa com medo da criminalidade. Ser um dos seis ou
mais no grupo de dez que evita ir a banco ou caixas eletrônicos com medo de ser
assaltado. Enfim a palavra recorrente e que une todos é o mêdo. Salvador é uma cidade sitiada e humilhantemente
classificada entre as piores, se não a pior, avaliada pelos seus próprios moradores
quanto a segurança, mobilidade urbana, habitação e
educação. Triste Bahia, oh quão dessemelhante!
Fonte: Você S/A (Valeu, Bruno) - Charge: Cau Gomez
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