Sempre relutei em aceitar as cotas raciais. “Calma pessoal do movimento negro; não evoque a Lei Afonso Arinos; não há crime em expressar uma opinião”. Sou mulato, moreno, tenho um pé na senzala, na cozinha como parte de vocês que saem em busca de uma vaga na universidade pública, atropelando quem se atreve atrapalhar ou por em dúvida a improvável justeza de sua pretensão. Entre o branco e o negro, como se parece querer dividir a etnia nacional, existe um mundo racial cromático tão claro e só escuro para quem não se vê, nem se aceita negro e está há léguas submarinas de distância da brancura “parmalat” do sul europeizado de nossa colonização.
Estudo do IBGE catalogou expressões auto-declaradas de nossa população que embora negra finge transitar por um arco-íris racial em busca da tonalidade que mais combina com seu figurino sem, no entanto, encobrir a sua matriz afrodescendente. “Morena ruiva, morena jambo, branca melada, branca morena, alva escura, clarinha, pálida, agalegada, avermelhada, burguesinha escura, quase negra, mista” são algumas das colorações da pele que cabem no mesmo saco e nada explicam, pois indefinidas. A balburdia racial serve como álibi para afirmações como aquela do personagem do Cabaré da Raça, do Bando de Teatro Olodum, de que a raça negra não existe, e sim, a raça humana. Universidade para todos sim, se possível para os mais capazes.
Quadro: Os Operários - Tarcila do Amaral
Quadro: Os Operários - Tarcila do Amaral
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