As ações da esquerda brasileira nos anos 70 contra a ditadura militar era silenciosamente comemorada por nós revolucionários de mesa de bar ou em troca de olhares reveladores nestes mesmos bares, a exemplo do Raso da Catarina, que funcionavam como uma espécie de organismos da esquerda festiva ou dark. Eram ações engendradas por grupos ou partidos de esquerda como ALN, MR-8, AP, PC do B e tantas outras que assaltaram bancos, se apropriaram de armas do serviço repressivo da ditadura e, principalmente sequestros de autoridades internacionais domiciliadas em nosso país. Destes sequestros o primeiro e mais ruidosamente (um silêncio ruidoso, se isto fosse possível) comemorado foi o do embaixador americano Charles Elbrick cuja libertação significou a liberdade e o exílio de companheiros estudantis presos como Luis Travassos, José Dirceu, Vladimir Palmeira, lideres políticos, operários e jornalistas entre outros.
A Comissão da Verdade já instalada e funcionando dentro dos limites do possível aos poucos vai revelando os porões da ditadura e do circo dos horrores que são as fotografias de presos políticos torturados, mortos ou alquebrados pela pancadaria desumana que acontecia naquelas reproduções do inferno e seus demônios.
Recentemente foi divulgada fotografia do grupo libertado em troca do embaixador alemão Van Holleben em que a jovem Vera Magalhães aparece sentada em banco junto aos demais companheiros libertados. Era uma exigência do organismo responsável pelo sequestro, para que se tivesse a certeza de que todos aqueles nomes exigidos estavam vivos, ainda que apresentasse sinais de debilidades face aos maus tratos recebidos nas seções de torturas. Com relação a militante Vera Magalhães, nesta mesma oportunidade foi divulgada outra fotografia em que ela aparece de pé, amparada por seu companheiro Cid Benjamim e outro militante, devido as suas precárias condições físicas que lhe fazia aparecer sentada na foto junto ao grupo, em razão das torturas sofridas no dia anterior.
A Comissão da Verdade tem que avançar e revelar os nomes destes maus brasileiros que a serviço do estado violentaram, torturam e mataram outros brasileiros que buscavam a liberdade, um estado de direito e cujo crime imprescritível deverá ser pago independente da patente do torturador.
Foto: José Dirceu - Anos 60.
Foto: José Dirceu - Anos 60.
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