sábado, 22 de setembro de 2012

O que foi feito devera.


Nunca duvidei das intenções de O que foi feito devera (ou de Vera) de Milton, Fernando Brandt e Márcio Borges em falar da vida, dos sonhos, das frustrações, do que não se consumou e que era a verdade nossa de cada dia. E aí, o que foi feito de nós? Como se despertássemos de um sonho, certos de que “outros outubros virão”, “que é cobrando o que fomos/ que nós iremos crescer” como nos fez crer a vigorosa e pungente interpretação, dessa canção, por Elis e Milton.

Como li recentemente sobre os sequestros de embaixadores, americano, japonês, suíço, alemão, por militantes de esquerda nos anos 70 e das sessões de tortura aplicada a uma jovem de 21 anos, Vera Sílvia Magalhães, entre outros, trocada pelo alemão Ludwig Von Holleben, fiquei a meditar sobre o “devera” da canção de Milton. Podia não ser somente o advérbio, mas uma possível “de Vera”, cuja reclusão após a sua militância e anistia até o seu falecimento em 2007, se encaixariam nas desilusões e no sofrimento causado por sonhos não realizados, mas vividos perigosamente, nas notas e nas vozes da canção. 

Foto: Milton Nascimento

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