Nunca duvidei das intenções de O que foi feito devera (ou de Vera) de Milton, Fernando Brandt e Márcio Borges
em falar da vida, dos sonhos, das frustrações, do que não se consumou e que era
a verdade nossa de cada dia. E aí, o que foi feito de nós? Como se despertássemos
de um sonho, certos de que “outros outubros virão”, “que é cobrando o que fomos/
que nós iremos crescer” como nos fez crer a vigorosa e pungente interpretação,
dessa canção, por Elis e Milton.
Como li recentemente sobre os sequestros de
embaixadores, americano, japonês, suíço, alemão, por militantes de esquerda nos
anos 70 e das sessões de tortura aplicada a uma jovem de 21 anos, Vera Sílvia Magalhães, entre outros, trocada
pelo alemão Ludwig Von Holleben, fiquei
a meditar sobre o “devera” da canção de Milton.
Podia não ser somente o advérbio, mas uma possível “de Vera”, cuja reclusão após a sua militância e anistia até o seu
falecimento em 2007, se encaixariam nas desilusões e no sofrimento causado por
sonhos não realizados, mas vividos perigosamente, nas notas e nas vozes da
canção.
Foto: Milton Nascimento
Foto: Milton Nascimento
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