Aliás, são muitos os modos de fazer politica e,
lamentavelmente escolhe-se o pior, porque ali a colheita de votos é mais
abundante e a perda da safra é pequena pelos serviços prestados. Detendo-se no
lado mais rasteiro de uma eleição vem logo a lembrança de distribuição de dentadura,
óculos, bengala quando estes acessórios fazia sentido na vida das pessoas, ainda
faz é claro, mas não tanto quanto já foi um dia. Ontem. Não se sabe se o eleitor
ficou mais esperto, menos cidadão, ou foi o corruptor que perdeu de vez a pouca
vergonha que lhe restava, certo da impunidade ou da frouxidão das leis e seu manancial
de liminares. Piso de banheiro e forro do teto, pintura da fachada das casas,
contas atrasadas de Coelba e Embasa, telefones celulares, gasolina
para motos e carros até o limite da data da eleição, por um curral, quer dizer,
uma família de 05 ou 06 cabeças, quer dizer eleitores.
Veem-se casas simples com cadeiras na calçada,
ou mesmo sem cadeira onde se senta no passeio, pois é mais informal para tagarelar
sobre a vida dos outros ou da sua própria, com paredes descascadas, portas que
parece não resistir aos mais distantes netos do furacão Isac. Como num passe de mágica, anoitece ruína e amanhece colorida em
tons que a caixa de lápis de cor, da máquina pública, é incapaz de tirar o cinza
de suas vidas sem brilho, sem cor. Como num ato falho que denuncia e esconde ao
mesmo tempo a autoria da metamorfose plástica, a nova fachada da casa exibe ao
alto a fotografia de seu benfeitor, acompanhado por quem imagina respaldar sua
indecência. O julgamento do mensalão, parece dizer, só parece dizer que não, porque
no fundo corrobora toda esta praga que corroí tudo ao seu redor, já que se sabe
da teatralidade desses senhores da capa preta e dos seus atores. Qualé Brasil!
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