sábado, 30 de março de 2013

Subindo como se pode, aos céus.

Já há algum tempo o pessoal da Escola de Teatro da UFBA e convidados encenam a Paixão de Cristo, na Concha Acústica do TCA e, desta vez, como de outras, fui assistir o espetáculo na desconfortável, para a minha idade, escadaria da Concha. São passagens conhecidas para alguns religiosos, talvez em termos da literatura bíblica, mas sem perder o impacto das ações e das palavras vivenciadas e, ali transportadas para o universal teatral.

Confesso a surpresa com a condenação de Judas, o transe de Salomé e João Batista e, a subida de Jesus aos céus, ainda que os cabos de aço que alçam o Filho ao reino do Pai estejam e dão uma visibilidade que a minha crença tenta disfarçar com um riso, contido.

Foto: Atores da Paixão de Cristo-2013 - Salvador-Ba

O Bando sem Auristela.

Tenho pelo Bando de Teatro Olodum uma relação de admiração e entusiasmo, não apenas pelo grande talento de quase todos os seus atores na ativa ou que já passaram por lá, mas principalmente pelo engajamento social do grupo, formado eminentemente por negros, na discussão de temas em torno da questão racial.

Criado pelo diretor teatral Márcio Meireles o Bando foi responsável por espetáculos irrepreensíveis como Sonho de uma noite de verão e montagens que colocam em cena a questão do negro pobre e da periferia, além de vítima e talvez inconsciente propagador do preconceito racial. Bai, bai pelo, Essa é a nossa praia, Zumbi, Já fui! e Ó pai ó, que virou filme e minissérie na TV Globo com repercussão nacional são um dos muitos sucessos do Bando, como o Cabaré da Raaaaaaaaaaaaaça que estreou em 1997 e até hoje é apresentado em pequenas temporadas, mas sempre lotada.

Agora, tardiamente, tomei conhecimento da morte de uma de suas atrizes, Auristela Sá, vítima de um câncer, no inicio do mês. Guardarei de Auristela a sua impagável personagem Flávia Karine no espetáculo Cabaré da Raaaaaaaaaaaaça, uma cantora de axé que fez um estrondoso sucesso em Itiúba. Descanse em paz!

Foto: Auristela Sá

Que p(*) é essa?



Mobília na rua – Passando pelo Jardim Cruzeiro, a reportagem do Jornal da Metrópole flagrou uma mobília inteira na Rua Bela Vista. Cama box, sofá e até o estrado de uma cama de casal se juntavam ao entulho que bagunçava o entorno da quadra de esportes do local.

Reprodução: Jornal da Metrópole
Foto: Milena Marques

O gospel de resultado.

O gospel de origem negra nas igrejas batista americanas foi berço de alguns estilos musicais como blues, jazz e rhyhtm-and-blues e responsável por vozes admiráveis como a de Aretha Franklin, Mahalia Jackson, Nina Simone, Ray Charles ou B.B.King, não teve por aqui sequer o respeito desta origem negra e religiosa.

Aqui, o gospel se tornou o braço musical da picaretagem evangélica, vendendo milhões de discos, produzindo e realizando shows em todos os cantos do país e promovendo caminhadas, marchas, arrastões por e com Jesus. Vale lembrar aqui na terra do axé, alguns artistas decadentes e que tiveram seus quinze minutos de fama e de repente se viram sem sucesso, sem espaço, sem trio se transformaram em "irmão" ou "irmã" qualquer coisa, colocando sua voz a serviço do gospel dizimista. 

Andando esta semana pela a Avenida Sete os ambulantes com seus equipamentos de sons que concorrem com os veículos na emissão de decibéis acima da capacidade auditiva dos humanos, bradavam algo como o mais novo sucesso do engodo gospel de resultado: “a hora está passando de você se libertar/Jesus está chegando com o seu alvará”. Transformaram Jesus em oficial de justiça, aquele servidor que entrega em domicilio uma intimação, uma notificação, um comunicado. A que ponto chegamos, ou chegaram.

Isto foi só o começo, o pior está por vir

Quinta feira pela manhã, ao chegar na rodoviária – a pista de pouso da cidade alegre ainda não tem uma linha regular com o Aeroporto 2 de Julho -  (e mesmo que tivesse continuaria preferindo o Barra do Mendes da Águia Branca) notei que a quantidade de pessoas desembarcando é bem menor que o fluxo dos que deixam a cidade neste final de semana prolongado em virtude dos feriados da semana santa. A cidade estará vazia nestes dias.

Ao passar pela Arena Fonte Nova, a mesma estava envolta com uma imensa fitinha do Senhor do Bonfim em saudação ao aniversário da cidade, ontem dia 29.03.13. Algumas horas depois o belo estádio, a ser inaugurado no próximo dia sete, seria palco antecipado de uma selvageria patrocinada por um bando de vagabundos abrigados em uma facção criminosa denominada “bamor”, todos em fúria pela compra de ingressos para a partida inaugural.

Foram, merecidamente, saudados por bombas de gás, cassetetes e spray de pimenta que se revelaram insuficientes para conter a horda enlouquecida. Dá prá pensar do que serão capazes estes elementos nas dependências do majestoso estádio, em suas cadeiras, sanitários, praças de alimentação e quiosques de bebidas.

Os corintianos que mofam na masmorra boliviana não estão sozinhos, solidários os “bamor” seguram a bandeira da baderna, da anarquia, do primitivismo de animais travestidos de esportistas.

Foto: Agência Estado

quarta-feira, 27 de março de 2013

A tropa de choque do Pastor Feliciano


Charge: Simanca

Um túnel no fim da luz!

Muitos foram os jornalistas, professores universitários, escritores, intelectuais perseguidos pela ditadura militar e impedidos de exercer a sua atividade, ou por estarem presos ou por serem afastados de suas funções sem qualquer explicação ou fundamentação pública para o ato arbitrário. Restabelecido o Estado de Direito muitos foram os que bateram à porta deste mesmo Estado para reivindicar uma indenização pela perda sofrida, em decorrência do cerceamento de sua liberdade no exercício de sua profissão. As controvérsias não tardaram a surgir em torno da decisão do Presidente Fernando Henrique Cardoso que regulamentou através de decreto esta indenização, ele mesmo um beneficiário.
 
Pessoas conhecidas de todos nós se beneficiaram do decreto e partiram para a reivindicação dos direitos usurpados, gerando críticas mesmo daqueles que poderiam ter entrado no rol dos beneficiados, mas preferiram a condenação ao recebimento das polpudas verbas indenizatórias.

Em recente entrevista na Revista da Cultura, o sempre brilhante e lúcido Carlos Heitor Cony fala da sua condição de indenizado, defendendo como justa este reconhecimento do estado ao impedimento, mesmo que temporário, de sua atividade jornalística. Ao contrário de Cony, o também eternamente brilhante, Millôr Fernandes, nunca poupou críticas aos que caíram de boca nas tetas do estado pegando a sua parte indenizada, afirmando “que não sabia que lutar contra ditadura era uma forma de investimento financeiro”. Muitos como Millôr, outros tantos como Cony se beneficiaram ou recusaram este investimento financeiro que tantos constrangimentos e polêmicas ainda hoje repercutem.
 
Ser contra um regime de exceção é muito mais um gesto de coragem, de crença em seus princípios democráticos que propriamente uma aplicação financeira; coragem e crença que talvez tenha faltado ao Millôr por ter sido o único membro do Pasquim a não ser preso em 1970, como foram todos os seus colegas de redação ou colaboradores.

Desenho: Millôr p/Cássio Loredano

Numa folha, eu desenho um sol amarelo.


A música Aquarela de Toquinho, um dos seus maiores sucessos, já teve outra denominação e outra letra. Composta originalmente para a trilha sonora da novela da Globo, Fogo sobre terra, a música tinha o titulo babaca de “Uma rosa em minha mão”, com letra de Vinicius, como várias outras da mesma trilha da novela de Janete Clair, nos anos 70.

Acontece que Toquinho nunca gostou da letra, mas para não desagradar o poeta manteve a parceria e muito tempo depois entregou a tarefa de uma nova letra a M. Fabrizio - G. Morra que deram novas e definitivas cores a beleza de Aquarela. “Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá/O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar./Vamos todos numa linda passarela/De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá”.

Fonte: Beto Brito-Rádio Globo

terça-feira, 26 de março de 2013

Verdades & Mentiras


A Comissão Nacional da Verdade vai lentamente levantando a negro véu da impunidade a cobrir os carrascos da ditadura militar, esclarecendo seus crimes, dando a versão definitiva das mentiras que jogaram na cara da sociedade civil, com a arrogância costumeira, ainda nos dias de hoje. A caserna continua gritando, mas a caravana vai passando, revirando e revendo páginas da nossa história cujos fatos nunca foram aceitos como verdade, que a Comissão agora busca esclarecer onde ela se esconde, ou onde esconderam.

Um destes fatos foi o novo atestado de óbito do jornalista Wladimir Herzog dado como suicida nas dependências do II Exército, em São Paulo, após interrogatório no DOI- Codi, entregue a família em substituição ao fornecido por aquelas autoridades como suicídio por asfixia mecânica. À época, quem sabia dos métodos da ditadura e mais ainda, quem conhecia o jornalista da TV Cultura de São Paulo, que convidado a depor se apresentou prontamente, sabia que ele jamais seria capaz de gesto tão radical. Após 48 horas de ter se apresentado para depor, Wlado, como era conhecido por seus amigos, foi dado como morto em uma cela das dependências do aparelho repressor. Ninguém engoliu a farsa, que se revelou mais patética com a divulgação de uma fotografia em que o corpo do jornalista aparece preso por tiras de pano em grades da cela onde montaram o teatro macabro.

Agora, a família do jornalista tem o seu verdadeiro atestado de óbito, cujo documento explicita a causa de sua morte como decorrente de "lesões e maus-tratos sofridos durante o interrogatório nas dependências do segundo Exército - DOI-Codi", conforme o Tribunal de Justiça de São Paulo. Assim, o estado assume a responsabilidade pela morte de Wladimir Herzog, como por certo terá que assumir tantas outras que a Comissão saberá levantar e provar a mentira dos inimigos da democracia, da justiça e da verdade.

O pulso, ainda pulsa!

O nível da degradação da raça humana brasileira que se acompanhou no final do século passado e parece potencializado nesta primeira década do século 21, com a crescente escalada do tráfico e todo o seu corolário de maldades e iniquidades, nos entorpece e nos paralisa até para expressar nossa indignação ante os acontecimentos. Jamais imaginaria que uma profissional da medicina, por mais insanas que fossem as suas atitudes e a sua figura medonha, misto de travesti e membro da Família Addams, poderia muito bem nos levar a qualquer suspeição, mas não tanto assim, para o inevitável espanto.

É difícil acreditar que uma possível preposta de algum campo de concentração nazista, pudesse se encastelar na UTI do Hospital Evangélico de Curitiba para o ato desumano de desligar aparelhos e aplicar medicamentos ou venenos que abreviasse a vida de pacientes atendidos pelo SUS ali internados. Tudo sob a visão mercantilista de limpar aquela unidade para pacientes portadores de planos de saude para os seus tratamentos, ou para pacientes cujos familiares pudessem custear seu próprio internamento.

Parece que o gesto guarda íntima ligação com a direção do Hospital, já que ela, a serial killer curitibana, não teria de que se beneficiar individualmente, a não ser recebendo propina de familiares de paciente em busca de vaga, ou da própria direção do hospital, recompensando-a pelo serviço (sujo) prestado. Ah! Dona Viriginia, se familiares de pacientes mortos resolverem apresentar a conta da saudade, da dor, do ódio que inquieta cada um deles... não sei não... “olho por olho, dente por dente”.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Devagar e sempre, sempre.


A seleção brasileira continua a sua peregrinação em busca de um resultado positivo contra uma grande seleção, se possível europeia, sem conseguir nem ganhar, nem convencer. Muda treinador, muda comissão técnica, diretor de futebol e o time parece um bando correndo atrás da bola, a espera de que o acaso se ponha ao lado de nossos craques que passeiam, driblam, fazem jogadas de efeito, pedalam nos textos dos cronistas esportivos da grande imprensa, façam uma surpresa.

Estamos às portas da Copa das Confederações e um ano e pouco da Copa do Mundo enquanto a torcida faz muxoxo quanto a qualidade do seu time, mas atenta aos dois grandes eventos no país. Se não vamos ter um time competitivo, confiável, pelo menos teremos a festa, muitas festas, nos dias que antecederão e durante a realização dos jogos aqui, ali acolá. Finda a festa, a exemplo da África do Sul, procuraremos, ou não, o que fazer com os elefantes brancos edificados nos mais remotos cantos do país, sem qualquer tradição futebolística.

Charge: Waldez

Cigarros, nunca mais!

Esta data, 25.05.1980, marca a minha vida como o fim de uma, não tão breve, carreira de fumante, já que iniciada aos 15 anos, ainda como estudante de Ginásio de Piritiba. Não que tenha sido uma decisão calculada, pensada como a busca de um bem viver, saudável e longe de mais um vício, mas consequência de uma infecção na garganta em que a saliva, qualquer alimento e as tragadas do cigarro eram parte de um doloroso sacrifício a que estava submetido. Foram poucos dias sem a companhia dos cigarros até que a infecção fosse debelada ou pelo menos amenizada. Como já eram três dias sem a ingestão da nicotina, achei que deveria levar adiante esta abstinência dos produtos da Souza Cruz, mas especificamente do Minister. A partir daí o que se viu foi uma luta travada contra mim mesmo, ou a meu favor, em levar a cabo um estado de tremores, suores, tonturas, falta de apetite e uma lembrança alucinante de um cigarro entre os dados a cada gole de café ou cada copo de cerveja após a recuperação do quadro infeccioso.

Os banhos eram tomados com a porta do banheiro aberta para em caso de desmaio no box, ter facilitado o trabalho da mana na remoção do corpo inerte, inconsciente. Próximo a um mês da decisão de deixar de vez o cigarro seria realizada a festa junina na cidade alegre, o que me colocaria frente a uma prova de fogo na continuidade ou não da minha condição de ex-fumante. Atravessei há duras penas o tufão causado pela ausência de nicotina em meu corpo, sendo obrigado a uma dose de glicose, por Zezinho da Farmácia no último dia da festa e que me pusesse em pé para arrastar, literalmente, os dois pelo salão.

Cada dia que passava era uma conquista, uma batalha vencida contra o cigarro sem que houvesse medicamento que ajudasse no abandono do vicio, nem agulhas de acupuntura, terapias psicossomáticas, rezas com galhos de arruda, sessões espirituais, apenas e simplesmente o desejo de não mais ter entre os dedos algo que não um lápis, uma caneta. Cigarros nunca mais, nem para acender, nem para tolerar qualquer fumante próximo a mim.

Salvador - 464 anos - 29.03.13


Começaram ontem e se estenderá até domingo dia 31.03.13 a programação de aniversário da cidade de Salvador, a ser comemorado sexta feira, 29.03.13, data de seus 464 anos. Serão mais de mil artistas que durante uma semana de festa participarão de eventos públicos e gratuitos Música, teatro, cinema, exposições se espalharão por vários pontos da cidade. Vários músicos se apresentarão em locais públicos como Estação da Lapa, Estação Iguatemi, Estação Pirajá, Praça Municipal, Praça da Inglaterra entre outros locais. Os teatros, os museus estarão também com uma programação especial para a comemoração da cidade querida, maltratada, no abandono, mas exuberante em sua paisagem que resiste aos mais covardes administradores públicos.
 
Foto: Igreja do Monte Serrat

domingo, 24 de março de 2013

Ivete, devolve o cachê de Sobral-CE



 É certo que Ivete Sangalo não devolverá os R$650.000,00 recebidos pelo show da inauguração do Hospital de Sobral-CE, não só pela voracidade financeira de sua carreira, como principalmente pela família de “encostados” que se cercou da estrela e que se mantém às suas custas. O mercantilismo desta figura é impar no mundo do “show business” tupiniquim.

Por outro lado, o Ministério Público do Ceará está cobrando do governador do Estado, Cid Gomes, irmão do não menos perdulário Ciro Gomes, ambos donos do curral e dos votos de Sobral-CE, a devolução ao estado do valor absurdamente pago à rainha do axé. Mesmo acionado pela justiça, o governador afirma que continuará promovendo shows de igual motivação, “doa a quem doer”, já que segundo a sua ótica festeira e eleitoreira o povo precisa de festa. Já de administradores públicos responsáveis, nem tanto.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Tantas palavras, meias palavras

Não acompanhei, com a importância devida, a carreira de Emilio Santiago, embora reconhecesse a beleza de sua voz educada, afinada na melhor linhagem de Lúcio Alves e Dick Farney, num universo predominantemente feminino que é a música brasileira. Por sinal em 1995 ele chegou a homenagear o Dick Farney com o CD Perdido de amor em canções admiráveis como Alguém como tu, Tenderly, Copacabana, A saudade mata a gente, Ponto final e outras mais

De seus sucessos, que foram muitos, trago no meu MP4 a sua gravação de Mascarada, um belo samba de Zé Kéti e parte da trilha sonora da inesquecível minissérie da TV Globo, Anos Rebeldes. Vivia-se o inicio da distensão política com o abrandamento da censura, o que possibilitava, ou se permitia, falar do envolvimento de jovens universitários com a luta armada. E a voz de Emilio embalava os sonhos da mulher de um general perdidamente apaixonada por um professor de sua filha. Uma bela voz que nos deixa, deixando o país menos sonoro, ante a balburdia diária.

Foto: Emilio Santiago

quinta-feira, 21 de março de 2013

A arte de viver da fé!

O Ministério Público Federal através do Procurador Geral da República que foi tão célere, tão cioso de suas obrigações constitucionais para enquadrar os dirigentes petistas e jogá-lo no torvelinho de um mensalão midiático que é muito mais ficção que realidade, assiste impassível a tragédia anunciada, a cada ano, na região serrana do Rio.

Os prefeitos da região, o governador do estado e mesmo o Governo Federal são cúmplices diante de tantas mortes, principalmente das crianças, e da destruição que envergonha e comove todos nós. Se há uma incompetência administrativa, nunca financeira, para promover e gerenciar programas de habitação de baixa renda que pelo menos se fiscalize a construção em terrenos clandestinos e de invasão, contendo a proliferação destes barracos, casas em encostas, buracos, em topo de morro, próximos a rios. As casas prometidas e anunciadas após os mesmos dramas de agora, em 2010, 2011 e do ano passado, são laudas e laudas de papeis em projetos travados pela burocracia e pela desonestidade pública. Sem saída, sem assistência, sem moradia, resta a ocupação desordenada das áreas urbanas como um soco da vida real, ante a omissão de todos os governos, em todas as esferas.

Desgraçadamente, os vitimados são os de sempre, os que aumentam as estatísticas da linha da pobreza; os que morrem a toda hora enredados pelo tráfico; os jovens longe das escolas, dos esportes e do lazer, mas próximos do crime; a desesperança como alimento para uma fome represada e insaciada.  

quarta-feira, 20 de março de 2013

Botando o bloco de 2014 na rua.

Não dá mais prá segurar, a eleição presidencial de 2014 está na rua. Com candidatos praticamente definidos, outros querendo continuar na disputa mesmo após derrotas sucessivas e, ainda outros criando uma rede ao invés de partido, querendo estabelecer diferenças de condutas e práticas, mesmo que se queira fazer ilações com seus possíveis pescadores de que o que cair na rede é peixe.

O que não se compreende é que o Senhor Eduardo Campos, governador de Pernambuco, pertencente á base aliada do governo de Dilma Rousseff, mantenha um pé no governo com cargos espalhados por muitos ministérios e autarquias, e outro em uma possível candidatura própria ou dividindo uma chapa com o ex-governador de Minas Gerais, o senador Aécio Neves. Candidatos aliás, imbatíveis em um possível concurso Senhorita Rio

Foto: Gov. Eduardo Campos

Invadindo o invadido.

Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico. (Nelson Rodrigues)


A privacidade destes artistas globais mais parece uma “casa de mãe joana”, tal a facilidade com que se entra nela, abre a geladeira, revira as gavetas e vai embora com fotos da esbórnia para postagens na internet. Há pouco tempo os horários televisivos da emissora foram em grande parte ocupados por uma de suas atrizes às voltas com advogados, delegacias de policia, juízes para trancafiar o invasor de sua intimidade, que a depender de certos trabalhos seus já nos tornaram da casa, íntimos, nunca invasores. O que alguém pode pretender ao se deixar fotografar pelo marido, amante ou caso em poses sensuais dentro do box do banheiro, foge a racionalidade ou a falta de originalidade, a não ser que se compreenda o gesto como a expressão de uma tara ou de uma fantasia sexual comum a ambos, modelo e fotógrafo; flagra que um “voyeur” jamais dispensaria.

Nem bem tinha assentado a poeira, agora aparece um marmanjo da mesma emissora filmando seu próprio corpo através de webcam para, segundo ele, presentear a esposa com quem é casado há mais de 10 anos e com quem tem dois filhos. Estranho que se dê de presente a esposa algo que pelo tempo de acasalamento deveria ser tão corriqueiro como o café da manhã ou o restaurante aos domingos. Ou então a vida agitada de ambos faça por algum instante esquecer a forma e a utilidade de certas partes de suas anatomias, que o filme talvez tente lembrar para o que serve o quê. “Me deixe viu valera!”.

Frase: Nelson Rodrigues

terça-feira, 19 de março de 2013

Estrada do sol

A semana passada assisti no canal Globo News um programa de entrevista em que o jornalista Rodrigo Faour falava de seu livro “Dolores Duran - A noite e as canções de uma mulher fascinante”, que por sinal já foi tema de uma postagem aqui neste mesmo lugar. Deste modo, o que me chamou atenção no programa não foi a abordagem em si sobre a figura, de fato, fascinante de Dolores, mas o seu final. Antes de subirem os créditos do programa sinalizando o seu término, a imagem e o áudio traziam a presença luminosa do Rei e do Tom Jobim ao piano, em parceria na interpretação de Estrada do sol, canção de Dolores Duran e Tom Jobim.

A cena apenas serviu como confirmação do grande interprete que é o Rei, cuja voz sempre estive e está a serviço de suas próprias canções, algumas de gosto mais que duvidoso, pela temática e musicalidade abolerada, pela cafonice, pelo romantismo babaca de grande parte de seu repertório. Um interprete que está acima das canções, exceto em momentos raros em que ele se aventurou, para nosso deleite, pelo repertório de outros compositores como o próprio Tom, que teve sua Lígia sublimada em um dos muitos especiais de final do ano do Rei em que o maestro soberano participou como convidado. Lembro de Cartola que por várias vezes demonstrou a expectativa de viver a alegria de que o Rei pusesse a sua voz em As rosas não falam, o que nunca aconteceu.

Vídeo: Youtube

O rei da baixaria



A revista PLACAR deste mês traz um box com postagens no twitter  do presidente do Barcelona de Itinga intitulado o “rei da baixaria”. O destempero do presidente de um clube de massa e por isto mesmo deputado federal, graças a esta mesma massa de manobra, mostra a quantas anda o futebol brasileiro e seus dirigentes do qual Eurico Miranda e José Maria Marin, por exemplo, são regras quando deveriam ser exceção.

Em resposta a um torcedor contrário à venda do promissor atleta Gabriel ao Flamengo, por quantia aquém do talento e capacidade jogador: “Vá tomar no c(*)”. Após a derrota para o Ceará, em Pituaçú, por 3 x 0, questionado sobre o dinheiro recebido da TV Globo, se estava aplicado em sua Mercedes: “Vc é v****, sua mãe é p***. Sua mulher eu c***. Conheço o v**** de seu filho”. Sobre o juiz que apitou a partida de seu time contra o Grêmio de Porto Alegre pelo Campeonato Brasileiro de 2012: “esse juiz é desequilibrado, vagabundo, filho da p***, descarado”.

Como presidente de um clube popular do futebol brasileiro o comportamento  é inadmissível, porem se levar em conta que é parte do parlamento nacional, tá tudo certo e dentro do linguajar coerente ao antro em que viceja em Brasília

São José, rogai por nós!


Quando se perde a crença nos fenômenos da natureza, na precisão das estações do ano, nos mapas de meteorologia, resta ao homem do campo a sua fé inabalável nas coisas lá do céu, e em situações como esta da seca no sertão, a esperança na capacidade de São José em trazer água com abundância. Hoje, em seu dia, 19 de março, mais que nunca São José é reverenciado como solução para os problemas que aflige o sertanejo e a sua força protetora contra a fúria do sol que seca as represas, queima as plantações, mata os animais, escurece a pele das mulheres e crianças em busca da sobrevivência.

As chuvas que caíram por aqui no inicio de janeiro, que não foram tantas, ainda que se esperasse contínuas, pouco a pouco vai se tornando mera lembrança diante do solo esturricado pela inclemência do sol. Mas hoje São José sairá de porta em porta, em procissão, sendo roubado dos altares das casas do sertanejo, posto de ponta cabeça, obedecendo a crendice e a fé popular de que estas romarias e estripulias religiosas podem despertar no velho santo para a necessidade das chuvas que ele anuncia.

Aliás, São José, que era carpinteiro, bem que poderia estar fora deste circulo religioso e destas cobranças sertanejas, bastando para tanto que tivesse obedecido aos conselhos do compositor francês Georges Moustaki que numa canção gravada por Rita Lee, nos anos 70, em versão de Nara Leão sugeria o seu casamento com Deborah ou com Sarah, ao invés de Maria a escolhida pelo Espírito Santo para ser a mãe de Jesus.  Porque será meu bom José/Que esse seu pobre filho um dia/Andou com estranhas ideias/Que fizeram chorar Maria/Me lembro as vezes de você/Meu bom José meu pobre amigo/Que desta vida só queria/Ser feliz com sua Maria”

segunda-feira, 18 de março de 2013

O Prefeito Netinho.

Através de Camila tomei conhecimento da página Prefeito Netinho, no Facebook e da sua enorme repercussão e acesso. Os textos são baianamente debochados e bem escritos, com um humor próprio da terra. A postagem em que o prefeito netinho se dirige aos seus “vassalos do reino do dendê” e confessa ter chorado a noite toda quando soube da morte de Chaves, é impagável. Só no outro dia quando o seu assessor Prates lhe esclarece que o Chávez morto é o da Venezuela e não os amigos de Seo Madruga, Chiquinha e companhia, o prefeito netinho é tomado por grande alivio e manda suspender a locação que tinha encomendado de vários capítulos daquele seriado.

Mesmo que a página venha ter o seu lado oficial e que seja produzida pela assessoria de comunicação do Prefeito ACM Neto como meio de popularizar, humanizar a sua figura e torná-la próxima de seu eleitorado (seus vassalos) é bem feita e bem sacada como construção ou desconstrução de uma imagem.
 
Foto: Bocão News

 

Os caminhantes sem pista.


A pista de pouso da cidade alegre foi por muito tempo a pista de Cooper de grande parte dos caminhantes matinais e vespertinos em busca da plenitude física e da diminuição de circunferência abdominal. Desde a semana passada deixou de ser. Por alegação de segurança para os atletas do “cada um por si e Deus por tudo mundo”, bem como das aeronaves em transportes de numerário para a agência bancária e lotérica da cidade, a pista foi fechada para o uso esportivo.

Pena, que tenha que ser desta maneira. Todos já estavam tão integrados e acostumados a sua paisagem que a dispersão transformou estes atletas em um bando de “zumbis” a perambular pelas proximidades do Maxixe, Rua do Hospital, da Independência, Praça Getulio Vargas, Baixinha até que venha, ou não venha surgir um novo local que não comprometa a prática esportiva e social de seus habituais frequentadores.

A Mulher de Roxo

Ela foi o primeiro tipo extravagante e pouco convencional na cidade que eu começava a conhecer. Por força de uma bolsa de estudo para um pré-vestibular, o Curso Radar, na Ladeira da Praça, conquistada através de um concurso patrocinado por jornal que não mais existe, sempre estava passando próximo à Rua Chile o seu único e preferido reduto. Mais precisamente nas portas da Loja Sloper, que também deixou de existir como tanta coisa na cidade, a Mulher de Roxo vivia a murmurar palavras inteligíveis, exceto quando pedia dinheiro. Aí a sua voz era clara a sua presença ainda mais misteriosa, pela indumentária, um roupa de freira e, um vistoso crucifixo a lhe conferir uma solenidade religiosa que talvez nem existisse.

Sobre a personagem foi um criada um rosário de história sem uma confirmação precisa de sua veracidade. Dizia-se que uma desilusão amorosa tenha levado a Mulher de Roxo àquele estado de “louca mansa” e enclausurada naquela vestimenta religiosa como que afastada do mundo ingrato que lhe carregou o amor. De sua família pouco se soube e do abrigo em que vivia nada ou ninguém sabia contar de sua misteriosa figura. O certo é que por muito tempo a Mulher de Roxo era para a Rua Chile uma espécie de componente de sua paisagem cosmopolita onde moças e rapazes das classes abastadas vinham desfilar seus carros e suas roupas da moda, alem de subir e descer as escadas rolantes da Loja Sloper as primeiras da cidade. A Mulher de Roxo morreu, desapareceu ou virou purpurina em 1997. 
 
Foto: A Mulher de Roxo

sábado, 16 de março de 2013

Onde há fumaça, há onda.


Neste momento, em que as temperaturas atingem níveis próximos do insuportável, fica-se a pensar na impossibilidade mesmo do sertão virar mar. Quem sabe uma imensa Fogueira de São João em que o serviço do Corpo de Bombeiros possa apenas se ocupar do fogo, já que da fumaça, do fumaçê a Policia Militar já deu mostra que está atenta e forte para conter o barato.

Fotomontagem: Extraída do Facebook

Começar de novo!


Começa hoje para os dois grandes clubes do estado o Campeonato Baiano de Futebol 2013, já que por força da Copa do Nordeste e imaginando que estes clubes fossem bem mais longe na competição, eles só entrariam na segunda fase da disputa quando seis clubes, na maioria interiorano, já estariam classificados. Mas, se esqueceram de combinar com o Asa de Arapiraca-AL e o Campinense de Campina Grande-PB atuais finalistas da Copa em decisão amanhã, e os clubes baianos em participação desastrada foram precocemente eliminados no inicio da jornada, amargando uma quarentena de mais de um mês sem jogos oficiais.

A falta de treinamento e tempo para arrumar as equipes não servirão como justificativas para um desempenho medíocre a partir de hoje quando o Vitória enfrenta o Botafogo, também da Capital, no Barradão e, o Barcelona de Itinga irá até Conquista para enfrentar o Vitória da Conquista, amanhã. “Vamos Leão, mostra tua nova cara!”.

Foto: Garotos de olho no Barradão

sexta-feira, 15 de março de 2013

Os agudos de Gal já não são mais os mesmos.

É natural e compreensível que a nossa voz com o passar dos anos sofra as mutações próprias da idade, passando de aguda a mais ou menos grave, de brilhante afinação para certos deslizes sonoros, deixando de atingir certos recantos luminosos da voz. A cantora baiana Gal Costa, uma das mais belas e afinadas vozes de nossa música, é apenas um exemplo de como os seus agudos já não conseguem atingir regiões altíssimas na emissão da voz, que já foi possível, alem de marca, como quando era uma jovem artista tropicalista no final dos anos 60.
 
Quem acompanha a carreira de Gal desde o inicio é testemunha de gravações de seus primeiros discos em faixas como Sebastiana, Meu nome é Gal, Eu sou terrível, Acauã, Índia sem falar em Vapor barato e Dê um rolê, do antológico show e disco Fa-tal, em que a voz de Gal passeia por onde ela queria e ia bem, muito bem. Os exemplos se espalham por quase toda a sua discografia e, apenas como exemplo emblemático de seus agudos e afinação, recorro a sua gravação com o guitarrista Robertinho de Recife para Meu nome é Gal. Em determinado momento da faixa a voz de Gal se confunde com o som extraído da guitarra ao emitir e imitar o som da palavra Gal registrada no disco Gal Tropical que celebra os seus 10 anos de carreira.

Como o artista tem, em geral, uma vida longeva e quase sempre brilhante é preciso que se tenha o cuidado em adequar arranjos e repertórios ao estágio que sua voz vai adquirindo com o passar dos anos. Se tivesse tido este cuidado e esta consciência de que algo mudou com seus agudos, Gal talvez tivesse evitado a derrapada e a ruidosa desafinação em recente show em São Paulo ao tentar interpretar como há 40 anos a canção raivosa Divino, Maravilhoso, de Caetano e Gil. Nesta canção, participante do IV Festival da TV Record, a tropicalista Gal soltou os bichos, incorporando uma Janis Joplin cabocla entre gritos, urros, cara enfezada como se estivesse mandando recado para os ditadores de plantão; e estava. Aos 66 anos, como hoje, mesmo que se mantenha uma aparente jovialidade física, a voz, a mente, o corpo já não acompanha nem vive de aparência. Ou se é ou não se é; a voz já não era mais a mesma.

Foto: LP Legal - Gal

A nova marca da cidade


O novo Governo da cidade já tem cara, crachá e identidade, alem da confirmação de um arrojo desenvolvimentista que nos enche de entusiasmo e esperança. Todos que encampamos a candidatura de Ivan e que resultou numa arregimentação popular, talvez sem precedentes no município, em especial pelo fervor juvenil demonstrado em cada um dos inesquecíveis “piseiros”, sabíamos que a escolha certa era o seu nome.

Ainda que o cenário de terra arrasada encontrado nos primeiros dias da nova administração pudesse arrefecer o ânimo da mudança, do novo, da inovação, pelo contrário, fez redobrar os esforços na recuperação do que foi destruído de modo perverso e fascista pelos pseudos donos da cidadania alheia.

Com o olhar reconhecido de quem encontra em qualquer canto do município, algo pioneiro, relevante, original e definitivo para o seu crescimento verá sempre uma iniciativa ou a realização de Ivan Cedraz. Isto nos dá a certeza de que os obstáculos e as armadilhas deixadas pelos maus piritibanos que o antecederam administrativamente não impedirão outros sonhos, novas conquistas, grandes realizações. Mais que nunca é preciso purificar o ambiente político da cidade, mandando os malditos embora.  

Foto: Logomarca da Prefeitura de Piritiba-2013