Quando se perde a crença nos fenômenos da
natureza, na precisão das estações do ano, nos mapas de meteorologia, resta ao
homem do campo a sua fé inabalável nas coisas lá do céu, e em situações como
esta da seca no sertão, a esperança na capacidade de São José em trazer água com abundância. Hoje, em seu dia, 19 de março, mais que nunca São José é reverenciado como solução
para os problemas que aflige o sertanejo e a sua força protetora contra a fúria
do sol que seca as represas, queima as plantações, mata os animais, escurece a
pele das mulheres e crianças em busca da sobrevivência.
As chuvas que caíram por aqui no inicio de
janeiro, que não foram tantas, ainda que se esperasse contínuas, pouco a pouco
vai se tornando mera lembrança diante do solo esturricado pela inclemência do
sol. Mas hoje São José sairá de
porta em porta, em procissão, sendo roubado dos altares das casas do sertanejo,
posto de ponta cabeça, obedecendo a crendice e a fé popular de que estas
romarias e estripulias religiosas podem despertar no velho santo para a
necessidade das chuvas que ele anuncia.
Aliás, São José, que era carpinteiro, bem que
poderia estar fora deste circulo religioso e destas cobranças sertanejas, bastando
para tanto que tivesse obedecido aos conselhos do compositor francês Georges Moustaki que numa canção gravada
por Rita Lee, nos anos 70, em versão
de Nara Leão sugeria o seu casamento
com Deborah ou com Sarah, ao invés de Maria a escolhida pelo Espírito
Santo para ser a mãe de Jesus. “Porque
será meu bom José/Que esse seu pobre filho um dia/Andou com estranhas ideias/Que
fizeram chorar Maria/Me lembro as vezes de você/Meu bom José meu pobre amigo/Que
desta vida só queria/Ser feliz com sua Maria”
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