quarta-feira, 20 de março de 2013

Invadindo o invadido.

Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico. (Nelson Rodrigues)


A privacidade destes artistas globais mais parece uma “casa de mãe joana”, tal a facilidade com que se entra nela, abre a geladeira, revira as gavetas e vai embora com fotos da esbórnia para postagens na internet. Há pouco tempo os horários televisivos da emissora foram em grande parte ocupados por uma de suas atrizes às voltas com advogados, delegacias de policia, juízes para trancafiar o invasor de sua intimidade, que a depender de certos trabalhos seus já nos tornaram da casa, íntimos, nunca invasores. O que alguém pode pretender ao se deixar fotografar pelo marido, amante ou caso em poses sensuais dentro do box do banheiro, foge a racionalidade ou a falta de originalidade, a não ser que se compreenda o gesto como a expressão de uma tara ou de uma fantasia sexual comum a ambos, modelo e fotógrafo; flagra que um “voyeur” jamais dispensaria.

Nem bem tinha assentado a poeira, agora aparece um marmanjo da mesma emissora filmando seu próprio corpo através de webcam para, segundo ele, presentear a esposa com quem é casado há mais de 10 anos e com quem tem dois filhos. Estranho que se dê de presente a esposa algo que pelo tempo de acasalamento deveria ser tão corriqueiro como o café da manhã ou o restaurante aos domingos. Ou então a vida agitada de ambos faça por algum instante esquecer a forma e a utilidade de certas partes de suas anatomias, que o filme talvez tente lembrar para o que serve o quê. “Me deixe viu valera!”.

Frase: Nelson Rodrigues

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