A política externa americana sempre se caracterizou pela força bruta. Fomenta golpes de estado; treina torturadores para punir opositores que possam trazer risco a manutenção de regimes de seu interesse, em geral ditaduras; invade países de sua conveniência geopolítica e econômica; presta solidariedade e apoio, às vezes sem ser solicitado, a governos antidemocráticos, imaginando salvaguardar a paz política em determinada região ou continente, enfim, age sempre como colonizador ou mensageiro da paz na terra. Foi sempre assim e deu certo ou foi absorvido por governantes da América Latina, exceto Cuba e um ou outro recente país da América do Sul de viés de esquerda, cuja independência das amarras americanas não significou uma convivência hostil, exceção para a Venezuela e o ex-presidente Hugo Chavéz.
A mudança do pêndulo intervencionista, no entanto, para os países asiáticos e do Oriente Médio foi um tiro no pé, tal os problemas advindos com a presença de tropas nestes países sob o pretexto de garantir a ordem democrática, onde a democracia é um bem menor diante do fundamentalismo religioso e da reverência a supreriores hierárquicos bastante específicos e distantes da escala de poder do Ocidente. A guerra do Vietnam, por exemplo, nos anos 60, é sintomática quanto a uma derrota que ainda hoje causa desconforto aos brios e a vaidade dos Estados Unidos. Todo seu poderoso exército e armas ultras modernas não conseguiram vencer um povo, pé de chinelo, que utilizou tática de guerrilha em território de seu pleno conhecimento, para fazer com que o agressor surpreendido se rendesse, após anos e anos de luta sangrenta, de modo humilhante.
A invasão do Iraque, do Afeganistão, as mortes de Sadam Hussein, Osama Bin Laden, as intervenções na Siría, Líbia, as perseguições ao regime Taliban, as ameaças ao Irã e agora à Coreia do Norte despertam nestas populações reações extremadas de vingança e ódio que irão sempre desaguar em atentados contra alvos e bases americanas ou a países que comungam e apoiam suas investidas imperialistas. Este cenário de agressões tem como fiel aliado o conceito de cunho religioso de que o Ocidente representa o mal, o demônio, e que precisa ser extirpado da face da terra e sobre ele toda a ira santa. E isto não terá fim, quem pagou prá ver, verá.