Já vi alguns shows de Márcia Castro e mesmo participações sua em apresentações de outros artistas. Reconheço talento, boa imagem, um nome considerável na nova safra de artistas baianos, mas a cantora Márcia Castro peca por um repertório nem sempre bem escolhido, carecendo de um bom produtor musical, o que me pareceu evidente ontem no show da Concha. Abrindo a programação do Natura Musical patrocinado por esta empresa de cosmético, Márcia consegue em alguns momentos a empatia do público quando canta um sucesso de Julinho de Adelaide, quer dizer Chico Buarque, Jorge Maravilha, ou recria de modo original um sucesso dos Novos Baianos, Preta Pretinha. Assim, deixa acesa a plateia para a entrada do artista pernambucano e ex-integrante da Nação Zumbi, o cantor e compositor Otto, a estrela daquela noite fria em uma Concha com um público muito aquém do que os dois artistas merecem.
Para um artista cujos discos sempre foram produzidos de modo independente, Otto agora contava com a estrutura de uma grande empresa para suas apresentações a quem não foram poupados investimentos na formação de uma grande banda e recursos cenográficos e de iluminação. Era tudo que Otto queria ou carecia. Carismático, maluco e fiel representante do “mangue beat”, na segunda música já havia tirado o blazer, depois da quinta ou sexta ficou sem camisa e se tivesse esperado até final, Otto talvez tivesse sido detido por atentado ao pudor. Muita zoeira, cabeça molhada, doses de uísque e vários “tapas”, muita vitalidade e uma energia própria dos artistas inquietos e criativos.
Como destaque, a presença do guitarrista Fernando Catatu da banda Cidadão Instigado, além do naipe de percussionistas que brilham em canções com base no maracatu.
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