segunda-feira, 15 de abril de 2013

A época de ouro do rádio.

Ainda é comum a identificação do intérprete como autor da obra que canta ou executa. Este é um antigo costume oriundo das emissoras de rádio em omitir o nome dos autores de uma música, ficando com o cantor ou cantora a associação àquela canção como se fosse uma criação dele ou dela. A minha condição radiofônica passou a mudar quando já estudante em Salvador e ouvinte cativo da Rádio Educadora AM e tempos depois em FM, uma das poucas a registrar o nome dos autores da canção que acabávamos de ouvir. Esta emissora foi responsável pelo meu enriquecimento musical, em especial um programa noturno comandado pelo Professor Cid Teixeira em que a música brasileira e seus criadores eram elevados a condição de poetas e mestres, dividindo com o interprete os louros da canção e não somente àquele como se via até então. Assim, Geraldo Pereira, Cartola, Guilherme de Brito, Newton Mendonça, Vinicius de Moraes, Ronaldo Bôscoli, Victor Martins, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e tantos mais foram aos poucos sendo reconhecidos como parte do sucesso de determinado intérprete.

A ampliação desta cultura musical com base radiofônica também se deu graças a um uma espécie de palestras semanais realizadas no Instituto Cultural Brasil Alemanha – ICBA, no final da década de 60, pelo Professor e poeta Carlos Coqueijo Costa, com a participação do colunista social e pianista Sílvio Lamenha, enfocando a época de ouro do nosso rádio até a bossa nova e a figura emblemática de João Gilberto. Ali, a cada noite ouvíamos pequenas histórias e grandes sucessos de divas da canção brasileira como Dalva de Oliveira, Elizete Cardoso, Isaurinha Garcia, Ângela Maria, Emilinha Borba, Marlene, as irmãs Batista, Linda e Dircinha, Nora Ney e mais, muito mais. Estes acontecimentos culturais foram decisivos na minha formação musical como ouvinte, curioso, leitor de biografias e, modestamente, pesquisador.
 
Foto: Dalva de Oliveira

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