Uma panorâmica sobre a década de 80 em busca de
personalidades e fatos que fizeram e aconteceram naqueles anos, por certo
encontrará a roqueira Neusinha Brizola,
não pelo sucesso que tenha feito, já que se tem noticia de apenas uma música
nas paradas, a “Mintchura”, mas
pelos escândalos que protagonizou e pela língua ferina sem freios ou amarras.
Filha do ex-governador Rio, o gaúcho Leonel Brizola,
a artista Neusinha era uma espécie de
ovelha negra da família, não se enquadrava em nada na liturgia do cargo que seu
pai ocupava, como membro do clã Brizola,
já que era totalmente da pá virada. Não enjeitava parada se fosse para beber,
fumar, cheirar, ingerir, mascar ou injetar, até ser presa, sofrer acidente, o
que fosse, nada parava Neusinha.
Antes de sua morte em 2011, Neusinha deixou um longo
depoimento que os jornalistas Lucas Nobre e Fábio Ferretti transformaram no
livro “Sem Mintchura” em que ela mostra em frases cruas o reflexo de sua vida
desregrada, como:
“Para preencher o vazio existencial, o estômago
é um dos melhores caminhos.”
“Arroz integral, só se for com uma picanha sanguinolenta.”
“Um dia acendo a minha estrela. Só preciso
achar o pavio.”
“Nunca tive joias. Odeio objetos que possam
valer mais que seus próprios donos.”
“Uma pena que o mundo deixou de ser ideológico,
para ser estético”
“Era para esconder as marcas das seringas”
(Sobre as tatuagens)
“Desde que aprendi que a droga é uma declaração
de desamor consigo mesmo, forcei-me a parar diante do espelho e declarar-me
amor todos os dias”
“Do pó ao pó, pelo pó” (Sugestão para o seu
epitáfio).
Foto: Neusinha
Fonte: Ruy Castro
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