domingo, 3 de agosto de 2014

Do pó ao pó, pelo pó

Uma panorâmica sobre a década de 80 em busca de personalidades e fatos que fizeram e aconteceram naqueles anos, por certo encontrará a roqueira Neusinha Brizola, não pelo sucesso que tenha feito, já que se tem noticia de apenas uma música nas paradas, a “Mintchura”, mas pelos escândalos que protagonizou e pela língua ferina sem freios ou amarras.

Filha do ex-governador Rio, o gaúcho Leonel Brizola, a artista Neusinha era uma espécie de ovelha negra da família, não se enquadrava em nada na liturgia do cargo que seu pai ocupava, como membro do clã Brizola, já que era totalmente da pá virada. Não enjeitava parada se fosse para beber, fumar, cheirar, ingerir, mascar ou injetar, até ser presa, sofrer acidente, o que fosse, nada parava Neusinha.

Antes de sua morte em 2011, Neusinha deixou um longo depoimento que os jornalistas Lucas Nobre e Fábio Ferretti transformaram no livro “Sem Mintchura” em que ela mostra em frases cruas o reflexo de sua vida desregrada, como:

“Para preencher o vazio existencial, o estômago é um dos melhores caminhos.”
“Arroz integral, só se for com uma picanha sanguinolenta.”
“Um dia acendo a minha estrela. Só preciso achar o pavio.”
“Nunca tive joias. Odeio objetos que possam valer mais que seus próprios donos.”
“Uma pena que o mundo deixou de ser ideológico, para ser estético”
“Era para esconder as marcas das seringas” (Sobre as tatuagens)
“Desde que aprendi que a droga é uma declaração de desamor consigo mesmo, forcei-me a parar diante do espelho e declarar-me amor todos os dias”
“Do pó ao pó, pelo pó” (Sugestão para o seu epitáfio).

Foto: Neusinha
Fonte: Ruy Castro

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