segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O ouro e a madeira

Uma das marcas do Canal Brasil é a frequência com que repete documentários e filmes nacionais, razão de sua origem, não a repetição, mas a exibição de obras de cineastas brasileiros que nem sempre são acolhidas pelo grande circuito comercial, mas a pobreza do acervo é evidente. Numa destas “mais do mesmo” revi o documentário Batatinha – O poeta do samba, emocionado como primeira vez, pois conheci Batatinha e frequentei o seu bar, o Toalha da saudade, na Ladeira dos Aflitos, onde se reunia os mais expressivos nomes do Samba da Bahia e a nossa turma da Escola de Economia, após as aulas de sexta feira à noite.

O documentário me trouxe a lembrança outro grande sambista baiano, Ederaldo Gentil, que participa em rodas de samba no filme, falecido precocemente, e autor de um dos sambas mais bonitos de todo o gênero que é O ouro e a madeira de versos precisos como “o ouro afunda no mar/madeira fica por cima/ostra nasce no lodo/gerando pérolas finas”.

Sem que ninguém soubesse Ederaldo abandonou o samba e se refugiou em casa, sofrendo de “sindrôme do pânico” aonde veio falecer em consequencia de outros problemas de saúde que a sua reclusão, própria da doença, só fez desenvolver. Uma sua irmã Denise Gentil trabalhava no Colégio Frederico Costa, na Vila Laura, onde morávamos e sempre nos dava notícias do estado sempre crítico do mano sambista e compositor. Ederaldo faleceu em 31 de março de 2012, deixando mais de 200 composições gravadas entre outros por Elza Soares, Beth Carvalho, João Nogueira, além dele mesmo.

Foto: Ederaldo Gentil 

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