Uma das marcas do Canal Brasil é a frequência com que repete documentários e filmes
nacionais, razão de sua origem, não a repetição, mas a exibição de obras de
cineastas brasileiros que nem sempre são acolhidas pelo grande circuito
comercial, mas a pobreza do acervo é evidente. Numa destas “mais do mesmo” revi
o documentário Batatinha – O poeta do
samba, emocionado como primeira vez, pois conheci Batatinha e frequentei o seu bar, o Toalha da saudade, na Ladeira
dos Aflitos, onde se reunia os mais expressivos nomes do Samba da Bahia e a nossa turma da Escola de Economia, após as aulas de
sexta feira à noite.
O documentário me trouxe a lembrança outro
grande sambista baiano, Ederaldo Gentil,
que participa em rodas de samba no filme, falecido precocemente, e autor de um
dos sambas mais bonitos de todo o gênero que é O ouro e a madeira de versos precisos como “o ouro afunda no
mar/madeira fica por cima/ostra nasce no lodo/gerando pérolas finas”.
Sem que ninguém soubesse Ederaldo abandonou o samba e se refugiou em casa, sofrendo de “sindrôme
do pânico” aonde veio falecer em consequencia de outros problemas de saúde que
a sua reclusão, própria da doença, só fez desenvolver. Uma sua irmã Denise Gentil trabalhava no Colégio Frederico Costa, na Vila Laura, onde morávamos e sempre nos
dava notícias do estado sempre crítico do mano sambista e compositor. Ederaldo faleceu em 31 de março de 2012,
deixando mais de 200 composições gravadas entre outros por Elza Soares, Beth Carvalho, João Nogueira, além dele mesmo.
Foto: Ederaldo Gentil
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