terça-feira, 19 de agosto de 2014

Gigante gentil

A pretexto dos 70 anos de Chico Buarque, a Folha estampou na primeira página da Ilustrada uma matéria em que compara a sua produção atual com a dos anos de sucesso em que quase foi uma unanimidade nacional e, descamba para uma linha de hostilidade a sua pessoa encontrada nas redes sociais. Xingamentos, deméritos, preconceitos que teriam sido dirigidos ao autor de Apesar de você, me causou estranheza, mesmo que não frequente o Facebook ou o Twitter com regularidade de tantos, nunca encontrei qualquer dessas referências desairosas ao grande artista. 

Deve ter sido falta de assunto ou a busca de uma linha condutora para seu texto previamente concebido como de constatação a estas acusações dirigidas a Chico. Nos números seguintes da Folha li na seção de cartas dos leitores, vários deles afirmando que também nunca viram nas redes socias qualquer grosseria ao compositor e que só o jornalista delirante viu.

Já com relação a Erasmo li, se não insultos pelo menos brincadeiras decorrentes do fato de ser um velho roqueiro, cara de mau, que ele próprio leu nas redes sociais e serviu de mote para composições de seu novo disco Gigante gentil, título de um rock que faz alusão a estas malediciências. "Mas quando dizem que o gigante é um morto-vivo/Perdido como um bicho sem carona no dilúvio/Me assusto com o olho podre que vê ele assim/Detonam o gigante e o estilhaço pega em mim". A composição abre o disco com guitarras raivosas e estridentes que parecem uma dura resposta aos seus detratores, mas não, o “amigo do Rei” simplesmente devolve as insinuações com o verso “mesmo hostil qualquer gigante pode ser gentil”.

Foto: Erasmo

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