Assim como o MPB-4 que foi se desfigurando com o passar do tempo, desde a saída
de Ruy e a morte de Magro, agora é o Quarteto em Cy com quem o grupo de Niterói mantinha não apenas identificações musicais, mas também
afetivas, que desde a saída de Cylene,
agora perde Cybele mais uma das
irmãs de Ibirataia – Bahia. O Quarteto em Cy esteve presente nos mais
importantes momentos da música brasileira, e este ano completou 50 anos de
atividades desde a sua chegada ao Rio
e apadrinhadas que foram por Vinicius de
Moraes em carreira sempre ascendente.
Com o MPB-4 gravaram participações recíprocas em
discos individuais e coletivos, como o Cobra
de vidro que além de disco virou espetáculo musical que assisti emocionado no
Teatro Castro Alves, em 1978, a versão “a capella” de Because (Lennon e McCartney), a
politizada canção de Violeta Parra, Me
gustan lós estudientes e músicas de Chico,
Milton Gil, Dori Caymmi e Heitor Vila-Lobos numa demonstração da qualidade
do repertório que sempre foi marca dos dois grupos.
Cybele que nos deixou há uma
semana, e num dos momentos em que se afastou do Quarteto para formar dupla com Cynara
foi involuntariamente protagonista de um dos momentos mais tristes e
vergonhosos da música brasileira. Elas defendiam a canção de Chico Buarque e Tom Jobim no Festival
Internacional da Canção, em 1968, a bela Sabiá que ganharia a etapa nacional e defenderia o Brasil na competição internacional.
Diante de um Maracanãzinho inquieto,
barulhento e, que já tinha escolhido por razões políticas a canção de Vandré, Prá não dizer que não falei de flores como
a preferida, reagiu de modo apaixonado, em vaia ensurdecedora contra elas e seus
compositores constrangidos e perplexos com aquele rasgo de incivilidade.
Todos, eu inclusive, tomados por um esquerdismo
juvenil, víamos na canção de Vandré
a reencarnação de nossa Marselhesa,
hino com que derrubaríamos a ditadura militar, nos deixando cegos para a beleza
da canção de exílio que era Sabiá,
constatação que só o tempo, a serenidade nos tararia anos depois. “Sei que o
amor existe/não sou mais triste/e a nova vida já vai chegar/e a solidão vai se
acabar”. Cybele, descanse em paz.
Fotos: Ilustrativas
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