Tempo de silêncio e solidão diante de mais uma experiência
que talvez nos vejamos submetidos neste período eleitoral. Os pregadores do reino,
os vendilhões dos templos anunciam uma nova era, embalada por velhos papéis, as
mesmas práticas, outros atores para o script conhecido. Talvez esteja velho o
suficiente para tanta descrença, tomado por um desânimo de quem vê cenas de um
filme cujo final ninguém quer mais saber.
A novidade, o espanto que possa
causar a banqueira de braços dados com a seringueira, “cara de fome”,
conforme Rita Lee, induz para a
utopia, enfim, do capital e trabalho para o bem geral da nação, mas que se
dissipa ao invadir a boca de cena e constatar que os bastidores fedem tanto
como restos de feira em salões aristocráticos do que sobrou da burguesia
paulista ou do coronelismo nordestino. Não há saída.
Gostaria de desfraldar bandeiras, gritar
palavras de ordem, acreditar, outra vez, que “amanhã vai ser outro dia” e
correr da polícia em passeatas de contestação como já foi possível crer, mas
estou velho e cansado para novas aventuras, tarefa que os moços parecem não se
dar conta do momento que se vive e, tudo não passa de arroubos de torcida de
futebol nas postagens do facebook. É pouco, grande é a deusa música que nas
acalenta, nos consola e apesar de tudo nos faz acreditar que sonhar é preciso,
mesmo que seja um sonho impossível.
Canción por la unidad
latinoamerica – Chico e Milton
Nascimento
Porta estandarte – Zizi Possi
Opinião - Nara Leão
Gente – Caetano
A lua e eu – Nana Caymmi
Ideologia – Cazuza
Coração valente – Clara Nunes
A terra é dos homens – Erasmo Carlos
Palhaço – Céu
O sal da terra – Beto Guedes
Foto: Nara Leão
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