terça-feira, 5 de agosto de 2014

Janelas abertas



O disco Canção do amor demais, de Elizete Cardoso, que seria o cartão de visita da “bossa nova”, não apenas pela primeira faixa, Chega de saudade, um quase manifesto, mas pela presença de todo um repertório composto por Tom Jobim e Vinicius de Moraes e tendo o próprio Tom ao piano, além do violão de João Gilberto. Quem sabe Elizete não tenha entendido o espírito da coisa que se configuraria mesmo com João, pouco tempo depois, melhor assim, em que pese a extraordinária cantora e artista que foi Elizete Cardoso

Mas, queria destacar uma canção do disco também de minha preferência, entre outras, a bonita Janelas abertas que ontem, ao rever o DVD do filme Doces Bárbaros a canção aparece em uma determinada cena, num momento de descontração, Gal ao violão canta com a participação de Caetano e Betânia a composição de Tom e Vinicius. “Ah, eu poderia ficar sempre assim/como uma casa sombria/uma casa vazia/sem luz nem calor”.

Muito tempo depois, já no exílio em Londres, Caetano pegou um fio melódico de Janelas abertas e compôs a estranha janelas abertas nº 2 com versos que lembra o poeta Augusto dos Anjos como: “Sim, eu poderia em cada quarto rever a mobília/em cada um matar um membro da família/até que a morte e a plenitude coincidissem um dia/o que aconteceria de qualquer jeito”, que Betânia veio a gravar em seu disco A tua presença, título de outra canção de Caetano e de letra bastante estranha, além de original e bela.

Youtube: Gal e Tom Jobim (Janelas abertas)

Nenhum comentário:

Postar um comentário