Recebi do amigo Adaelson, de Maringá-PR,
amizade pré facebook, cópia de uma carta de Caymmi dirigida a seu amigo Jorge
Amado que é um primor de simplicidade, coloquialismo e principalmente de demonstração
do que é a amizade, o amor de amigo.
Caymmi fala para um Jorge recluso em Londres, de suas andanças na cidade da Bahia com os amigos Caribé e Camafeu de Oxossi, sentindo os cheiros, contando os tons de azuis - acharam mais de 15 -, o verde do mar, o povaréu e um ocre que lhe estimulou ao voltar prá casa, pintar um quadro, simples. Uma baiana com seu tabuleiro cheio de abarás e acarajés e gente ao redor, uma tela que ficou tão bonita que faria inveja a Jenner Augusto.
Neste seu relato ao amigo ausente não poderia
faltar as noticias sobre Dona Menininha, Stela de Oxossi, o povo de santo e do candomblé, onde Jorge era um Obá Arolou e todos sentiam a sua falta na roça. Mas, Caymmi também fala de suas novas
composições e de sua confissão em não saber cantar outras coisas que não Iemanjá,
peixes, saveiros, o mar da Bahia e em especial, lembrar de suas mulheres, Dora, Marina, Adalgisa, Anália, Rosa morena
que são todas, a sua Stela, com quem um dia casou. Bem como da saudade dos amigos Mirabeau,
James Amado e João Ubaldo. Uma maravilha
Longe destes tempos de facebook, twitter, instagram e destes amigos que você nem sequer
conhece, nem jamais vai conhecer, que lhe propuseram uma amizade ou que lhe adicionaram
como amigo, sem o seu consentimento, mas que, felizmente, desaparece tão logo o
computador é desligado. E que acabei entrando nessa por insistência de minha filha
que me queria ver integrado ao mundo virtual, mas que pouco ando, por preferir
o real.
Sou do tempo da caneta tinteiro, da
esferográfica, da máquina de escrever, de bloco de cartas, de selos e postagens
nos Correios, de longas cartas,
cartões, postais e de resposta que chegavam
bem depois de anunciado um fato ocorrido, mas hoje seduzido me rendi aos
encantos da internet, do mundo virtual, com os riscos e cuidados avaliados,
deste que é o grande invento do século
XX.
Foto: Ilustrada
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