domingo, 14 de fevereiro de 2016

Portela, ah Portela

Confesso não ter qualquer paciência com desfile de escolas de samba, venha de onde vier. Acho chato, monótono, igual, em que pese os exageros para estabelecer alguma diferença, além daquele “tum tum tum” de seus sambas-marchas que pretendem contar uma história que no asfalto não faz nenhum sentido, mas eles, os carnavalescos, incansáveis, tentam.

Mas me declaro portelense talvez pela simpatia que tenho a Paulinho da Viola e seu amor à Portela, a quem dedicou sambas memoráveis, embora os mangueirenses se regozijem de um magistral samba seu dedicado à concorrente Mangueira. Mas, são ossos do oficio de um sambista genial.

Domingo de Carnaval como não iríamos á rua, ficamos em casa, descansando para a segunda feira, e por sugestão da nossa visita assistimos o primeiro dia do desfile das escolas de samba do Rio. Justamente quando ligamos a TV estava sendo anunciada a entrada da Portela no sambódromo, sob o comando do sempre surpreendente carnavalesco Paulo Barros. Uma motivação a mais, para quem não tinha nenhuma a não ser tomar as “piriguetes” geladas que brotavam da geladeira.

O enredo da Portela era “No voo da águia uma viagem sem fim...” onde as reticências no final da frase faziam sentido e, davam margem ao seu carnavalesco experimentar as mais loucas investidas pela história da humanidade. E ele não se fez de rogado, pois o que se viu daí em diante era de uma maluquice própria de um “maluco beleza”. 

Começou com Moises de pé sobre a águia-símbolo da Portela, abrindo o Mar Vermelho e espalhando água sobre a pista que deve ter atrapalhado a evolução de seus próprios passistas, além do Cavalo de Troia que já vinha a seguir. E vierem os aventureiros dos mares, seus navegadores, descobrindo terras, o fundo do mar, buscando mundo perdidos, uma zona pra antropólogo nenhum reclamar. 

Entre uma “piriguete” e outra, pontuada por cochiladas sucessivas vi que já estavam nos Andes, na Amazônia e fui dormir, mas naquela pegada deve ter alcançado a Lava Jato e o Juiz Sérgio Moro. Um verdadeiro “samba do crioulo doido” como cunhou o inesquecível Sérgio Porto, o Stanislaw.

Foto: Portela

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