Dedico
à música sertaneja e seus sertanejos, sozinhos ou em duplas, a mesma atenção que
dou a uma declaração de qualquer político flagrado com mão na roda, em sua defesa
diante das evidencias, onde o silêncio é bem mais esclarecedor e eloquente, que
qualquer palavra. Em síntese é o que sinto frente a essa nova malandragem
travestida de sertaneja e não aos violeiros e às tristezas de jecas saídas dos
grotões espalhados pelo país.
Pode
até ser uma sonoridade desagradável, para ouvidos aculturados, mas reconhecidamente
prenhe de autenticidade, sentimento e originalidade, diferentemente de uns e outros
que mal deixam a poeira e já entram na 25
de Março para saírem modernos rumo às paradas de sucessos e aos programas
de TV.
Vozes esganiçadas, gritarias histéricas por
vezes encobrem lampejos de poesia escondidas nestas barafundas sonoras que
passam despercebidas para quem espera tão somente o fim daquele “nenhém, nenhém,
nenhém” melancólico, elevados a “n” decibéis. No entanto, quando a voz de Betânia ecoa por todo “escurinho do
cinema”, pontuando uma cena de os Dois filhos
de Francisco, em É o amor, da
dupla retratada, é como um soco no estômago, para o despertar frente a uma
musicalidade não percebida naqueles versos cafonas, mas de uma verdade
assustadora naquele momento.
Senti o mesmo ao ouvir, também surpreso, o
interprete convincente que é o ator Alexandre
Nero, tendo uma carreira musical já com vários discos gravados, em que o seu
último CD, o agradável (re)Vendo amor traz a faixa Não aprendi dizer adeus, da dupla Leandro e Leonardo, que ganha outra feição, outra leitura e deixa
seus bons versos á mostra. Ouçamos então.
Vídeo: Youtube
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