quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Não aprendi dizer adeus

Dedico à música sertaneja e seus sertanejos, sozinhos ou em duplas, a mesma atenção que dou a uma declaração de qualquer político flagrado com mão na roda, em sua defesa diante das evidencias, onde o silêncio é bem mais esclarecedor e eloquente, que qualquer palavra. Em síntese é o que sinto frente a essa nova malandragem travestida de sertaneja e não aos violeiros e às tristezas de jecas saídas dos grotões espalhados pelo país.

Pode até ser uma sonoridade desagradável, para ouvidos aculturados, mas reconhecidamente prenhe de autenticidade, sentimento e originalidade, diferentemente de uns e outros que mal deixam a poeira e já entram na 25 de Março para saírem modernos rumo às paradas de sucessos e aos programas de TV.

Vozes esganiçadas, gritarias histéricas por vezes encobrem lampejos de poesia escondidas nestas barafundas sonoras que passam despercebidas para quem espera tão somente o fim daquele “nenhém, nenhém, nenhém” melancólico, elevados a “n” decibéis. No entanto, quando a voz de Betânia ecoa por todo “escurinho do cinema”, pontuando uma cena de os Dois filhos de Francisco, em É o amor, da dupla retratada, é como um soco no estômago, para o despertar frente a uma musicalidade não percebida naqueles versos cafonas, mas de uma verdade assustadora naquele momento.   

Senti o mesmo ao ouvir, também surpreso, o interprete convincente que é o ator Alexandre Nero, tendo uma carreira musical já com vários discos gravados, em que o seu último CD, o agradável (re)Vendo amor traz a faixa Não aprendi dizer adeus, da dupla Leandro e Leonardo, que ganha outra feição, outra leitura e deixa seus bons versos á mostra. Ouçamos então.   

Vídeo: Youtube

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