Os olhos já não brilham como dantes ao ouvir o
som do trio elétrico na Praça Castro Alves, onde nosso bloco se
reunia em torno do som possível, já que os Embaixadores
não tinham seu próprio som, nem corda, apenas os laços do amor de amigos a nos
unir.
O corpo já não balança como outrora ou ouvir os primeiros acordes de um frevo
novo de Caetano, Moraes, Armandinho ou
Dodô e Osmar, hoje apenas se protege
do pivete e redobra os cuidados com o bolso, com o celular e o relógio. Aliás, com
o relógio nem tanto, pois qual é o maloqueiro que vai perder seu tempo em
afanar um “patacho” adquirido em um ambulante na descida da Estação da Lapa.
Tudo mudou como eu mudei e o Carnaval também, pois só essas mudanças
poderiam justificar, ou não como gostaríamos, a presença de artistas (?) temporãs,
de um sucesso só, tornando-se por um só carnaval, o rei da folia. E a receita é
simples: pega-se um funk de Anitta, refrão
de um sucesso deste mesmo tipo de carnaval, a exemplo de Lepo Lepo, algumas frases da poética de Luan Santana, joga-se no vaso sanitário, puxa-se a descarga e
pronto. O que não for tragado pelas águas sanitárias, pode recolher o produto
final que aí está mais um novo sucesso de carnaval: A vingadora com metralhadora
e tudo mais.
Mas, folia aí vou eu, pelas beiradas, pelos
cantos, pelos corredores e transversais dos circuitos e mais precisamente no Pelourinho, atrás do Paroano sai milhó, shows de Paulinho da Viola, Roberto Mendes, Zezé
Motta, Nelson Rufino e mais. Afinal folião não se entrega, feito um rio que
passou em minha vida.
Foto: Pessoal
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