Longe de preocupar, pois muito há para comemorar
com a passagem dos anos para os nossos ídolos, Gil, Caetano, Paulinho da Viola, Milton, Chico, Betânia, Gal, Rita chegarem
aos 70 ou próximos desta idade cabalística, assim como a nossa geração de fieis
admiradores, às vezes exibindo um frescor quase juvenil como se o velocímetro
do tempo estivesse adulterado como os dos taxistas da rodoviária de Salvador, por exemplo. É certo que a
criatividade vai diminuindo com a inexorável proximidade de um fim que não
consta do show de nenhum deles, mas que é inevitável como comprova a
exuberância musical mostrada por estes artistas na década de 70 e que, nas raras
exceções, não se repetiram dali por diante. Também é de se dizer, fazer o que
fizeram naqueles anos dourados lhes deram munição mais que suficiente para
trocar de táxi e seguir confirme seus próprios passos, sem pressa, sem querer
provar nada, ousando de acordo suas próprias convicções sem querer ser moderno,
nem eterno, embora já tenham se tornado.
O disco de Gil,
gravado logo após sua volta de Londres,
em 1972, é desses arroubos de gênio, cidadão do mundo e do sertão nordestino que
ele conseguiu repetir em trabalhos posteriores, mas neste que traz na capa o seu
filho Pedrinho, falecido em acidente
de carro, é a marca do grande musicista e letrista que ele é. O lado regional
com a Banda de Pífanos de Caruaru,
sucessos de Jackson do Pandeiro como
Canto da ema e Chiclete com banana estão impregnados de sua visão cosmopolita
expressa nos arranjos concebidos pelo seu violão, a guitarra de Lanny Gordin e dos sons do baixista
americano Bruce Henry. Regional e
universal. O Gil compositor aparece no
rock Back in Bahia, composto em Londres e que revela o incontido desejo
da volta do exílio, já prevista, ao tempo que fala da saudade dos “também tão
lindos parques de lá”. Em Expresso 2222,
uma das mais representativas obras de Gil
e, composta sob um estado de percepção alterado que lhe permitiu viagens
musicais e literárias delirantes é acompanhada por seu violão que começou a circular com o expresso “Que parte direto de
Bonsucesso pra depois/Começou a circular o Expresso 2222/Da Central do Brasil/Que
parte direto de Bonsucesso/Prá depois do ano 2000”.
Grande,
eterno e sempre moderno Gil.
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