Talvez tenha havido alguma revista ou jornal da imprensa alternativa no final dos anos 60 e década de 70 que não tenha conhecido, lido e conservado até certo tempo da minha juventude, a partir do PASQUIM. Acho pouco provável que tenha fugido a minha curiosidade e interesse tudo ou quase do que se publicou naqueles anos sombrios, abrigados sob o mesmo teto da imprensa alternativa. Assim foi classificada toda publicação fora dos padrões da grande imprensa que por conveniência ou por afinidade ideológica aceitava submissa e cabisbaixa os rigores da censura e dos censores encastelados em suas redações. Tentando fugir ou driblar estas limitações jornalísticas e de pensamento, surgiu esta imprensa crítica, moderna na linguagem e no formato que procurava enxergar além do permitido e brincar, gozar e ridicularizar os novos donos do poder, já que havia um consenso quanto à burrice e a truculência também mental dos que detinham o poder de vetar, cortar, proibir, suprimir, cassar, fechar jornais e prender jornalistas. Os jornais mais representativos desta tendência eram o Opinião, Movimento, EX, Versus etc
No âmbito destas publicações voltadas para a política, o humor e a crítica dos costumes, foi surgindo um jornalismo dirigido a um novo público, não alienado, mas que virou as costas à luta armada e a formação de núcleos urbanos contra a ditadura. Partiram por outros caminhos, outros assuntos muitos que não tinham espaço nos jornais tradicionais e tambem na imprensa alternativa como a liberdade sexual, o homossexualismo, a ecologia, drogas, rock and roll, movimento hippie, minorias raciais e religiosas, maconha e ácidos, comportamento, ambientalismo, enfim temas subterrâneos, era o “underground”. Eram reflexos do desencanto de intelectuais, estudantes e operários com os rumos dos movimentos de Maio de 68 na Europa, em especial na França, Alemanha e Itália, alem dos desdobramentos da invasão da Polonia pela União Soviética, episódio que ficou conhecido como a Primavera de Praga, levantando a possibilidade de reflexão sobre uma nova esquerda, já que aquela dava sinais de saturamento e cansaço. A For do Mal, Lampião, Verbo Encantado (editado em Salvador por Alvinho Guimarães), JA (um jornal do Tasso de Castro) a revista O Bondinho são algumas das publicações que refletiam esta tendência.
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