quarta-feira, 4 de julho de 2012

O São Pedro em Mundo Novo


Acredito que a expressão “quebraram a cara” se preste bem mais a um papo em pé de balcão ou mesas de plásticos dos bares “pé sujo” da Baixinha e adjacências, que propriamente a uma autoridade municipal dirigindo-se, através de uma emissora de rádio, aos seus munícipes. Este destempero verbal tem como justificativa a sua indignação ante aqueles que torceram contra o São João da cidade segundo seu obtuso senso de observação, como se tomado por um surto paranóico. Não conheço um morador da cidade alegre que torcesse pelo fracasso da festa, mas talvez temesse pelo custo de um grande evento, num momento em que o município atravessa um período de estiagem com conseqüências cruéis aos pequenos produtores rurais e sua população periférica. Se não se tem sensibilidade política e humanitária para compreender o momento presente que se espalhe como um pavão sua infantil (mas não tanto!) vaidade e escancare de vez suas intenções claramente eleitoreiras.

O município vizinho de Mundo Novo deu neste final de semana um exemplo de como se organizar uma festa popular, como o São Pedro, sem aviões, carretas, ferraris ou motocicletas de não sei quantas sem cilindradas a baixo custo e com enorme aceitação e participação da comunidade e visitantes. Trios e bandas de bons sanfoneiros, a exemplo de Hugo Luna e Paraíba do Acordeom, a Banda Lua Cheia entre outros grupos brilharam e fizeram a festa em 30.06 e 01.07.12 no Arraiá da Alegria. O enorme galpão onde se realiza a feira semanal da cidade foi decorado e transformado na casa do forró com barracas típicas em sua volta e uma empolgação popular como só vi em algumas manifestações do carnaval de Salvador. Dançou prefeito, vereador, gari, professor, doutor e a massa morena própria e alegre da cidade.

A propósito, certa feita conversando com o amigo Beto Cowboy, em seu bar e restaurante falei das festas de Micareta em Morro do Chapéu e lhe dizia que por alguns momentos fechava os olhos e abria como se tivesse em algum trecho da Avenida Sete, quando na verdade estava na Rua das Árvores tomada por jovens, senhoras, velhos, crianças, doutores, professores, profissionais liberais numa integração festiva que emocionava e comovia se não estivesse também no meio da folia. Ele retrucou que aqui era diferente, o que já tinha constatado. Enquanto a massa morena se esbagaçava na dança, no frevo, no forró, uma pretensa e falsa elite observava pelos lados, de braços cruzados, alheias ao fuzuê, como se nada daquilo lhe dissesse respeito, era apenas mais uma manifestação tribal da plebe rude, sem educação, sem principio, cheirando mal. Não dá prá ser alegre!

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