No Largo do Pelourinho, está instalado o Museu da Cidade, um casarão na cor
amarela ao lado da Fundação Casa de
Jorge Amado. Este Museu tem no
seu acervo objetos pertencentes ao poeta Castro
Alves, esculturas, tapeçarias da cultura baiana e o mais interessante,
reproduções em tamanho natural de vários orixás entre outras entidades do
candomblé.
Um amigo nosso que prestou serviço no Museu, como funcionário da Prefeitura
a quem a instituição está subordinada, conta algumas histórias que parecem
saídas de filmes de suspense. Com todo respeito, nosso amigo, não é o que se
pode chamar de um homem de coragem, longe disso e de gestos de heroísmo ou
valentia.
Segundo ele, as velhas portas do casarão, depois que entardecia,
rangiam e batiam sem que ninguém se aproximasse ou passasse pelas mesmas. A
saia de um orixás se desprendeu da cintura sem que nada justificasse a queda da
indumentária. Certa vez, um “Preto Véio”
que ficava em um canto de sala no segundo andar, apareceu no outro dia,
misteriosamente, no andar de baixo, sem que houvesse qualquer mudança na
disposição dos objetos promovida pela direção da casa. Ele num gesto invulgar,
para a sua capacidade de enfrentar perigo ou fugir deles, se atracou ao “Preto Véio” para fazê-lo retornar ao
seu lugar de origem.
Qual o quê! As reproduções eram leves estruturas de
compensado e papel, cujo peso se existissem vinham dos adereços e roupas, porém
nada que não pudessem ser facilmente removidos de um lado para o outro. O “Preto Véio”, no entanto, se
transfigurou num força medonha e um peso descomunal que nada de puxão,
solavancos, empurrões abalavam sua firme convicção de que seu lugar era alí. E
assim foi feito e nosso amigo resolveu não se indispor com o “Preto Véio”, mesmo que a direção do Museu viesse estranhar esta nova
paginação da sala onde se encontrava a entidade, e assim fosse repreendido.
Pelo sim, pelo
não, nunca mais entrei no Museu da
Cidade, prefiro admirar a sua construção e imaginar as relíquias culturais
ali guardadas, do que me arriscar a tomar um tombo de uma pomba gira
desgovernada. “No creo en brujas, pero que las hay, las hay”.
Foto: Museu da Cidade
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