sexta-feira, 7 de março de 2014

Alguma coisa está fora da ordem.

Longe daqui, com quem conversei nos últimos dias sobre o assalto ao Banco do Brasil da “cidade alegre”, a sensação é de perplexidade e indignação com a violência do ato e o comportamento rastejante dos que se prostraram diante das migalhas do roubo. 

O delito, lamentavelmente, já é uma rotina em nosso estado e não assusta mais, ainda que exponha funcionários e a população de pequenas cidades como a nossa, presa fácil pelas condições de insegurança a que todos estamos submetidos, como refém da bandidagem o que humilha e constrange ainda mais. Somos todos cidadãos de segunda diante do novo poder armado, contraventor e detentor de suas próprias leis.
Como já comentado aqui neste mesmo espaço após o fato, o que entristece, revolta e nos apequena é a constatação de que aqueles que se apropriaram das migalhas do roubo espalhadas entre os destroços da agência, é que a cidade convive com pessoas que não diferem em nada daquelas que explodiram a agência do Banco do Brasil e cumpriram seu papel transgressor. 

Sem querer fazer sociologia de botequim, aquelas pessoas que quedaram, caíram de boca entre outras partes de sua anatomia, diante do indecente e ilegal refletem uma nova moral, onde o dinheiro é a sua bússola, seu norte, sem entraves se o objetivo e se dar bem, fazendo valer a tristemente difundida “Lei de Gerson”. A cidade é o que aquelas pessoas são; cínica, hipócrita, insensível e bandida.
A cidade em que cresci e esta onde conto passar o tempo de espera, temporariamente, não seria capaz de tamanha iniquidade como esta é, mergulhada que está nos destroços da hospitalidade perdida, da boçalidade de seus novos ricos, da falta de educação de seus vizinhos, da cafonice de suas mansões cinematográficas, ainda que de filme B, da imponência de seus carros milionários que brotam da aridez de seu solo e de seu comércio de camelô, como a justificar a ação dos que puseram abaixo a única agência bancária da cidade.

Fotos: Ilustrativas (Aeromodelismo Bado)

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