quarta-feira, 26 de março de 2014

Entre sem bater!


A origem da expressão “entre sem bater” só poderia ter sido protagonizada por um gozador, debochado, “bon vivant”, frasista incorrigível e curtidor como foi o jornalista e humorista Aparício Torelly, mais conhecido como o Barão de Itararé. Ontem o Canal Brasil dentro da serie de reportagens “Resistir é preciso” dedicou o programa à folclórica figura do Barão de Itararé, título que ele se auto concedeu em homenagem a batalha que não houve.

Conta-se que o Barão se tornou grande amigo do marinheiro João Cândido, o Almirante Negro, que liderou a Revolução da Chibata em represália aos maus tratos do oficialato branco da Marinha contra os marujos negros como era o João Cândido. A sua pessoa foi imortalizada pelos compositores João Bosco e Aldir Blanc no samba genial Mestre sala dos mares, onde o Almirante Negro foi substituído por navegante negro, graças ou pela desgraça da tesoura da censura militar de 64.

O Barão em sua revista de humor político A Manha fez várias reportagens com o Almirante Negro, exaltando a sua atuação na Revolta da Chibata e a maneira cruel e desumana como eram tratados os marujos de pele morena e negra, resquícios da escravidão que ainda perduram nos dias de hoje. A Marinha não gostou desta espécie de endeusamento ao João Cândido, o Almirante Negro e um grupo de oficiais resolveu invadir a redação de A Manha e dar uns catiripapos no Barão. E assim foi feito. 

A redação da revista foi invadida, deixando o Barão mais estropiado que uma vítima do Pica Pau. No dia seguinte a porta da redação de A manha ostentava uma placa “Entre sem bater”.

Foto: Frase do Barão de Itararé.

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