quarta-feira, 19 de março de 2014

João - O amor, o sorriso e a flor.


A demanda de João Gilberto com a gravadora EMI parece não ter fim, pela posse das matrizes originais dos três primeiros discos de João, Chega de saudade, João Gilberto e O amor, o sorriso e a flor e, definitivos para a configuração do que hoje se tem como “bossa nova”, o movimento renovador da música brasileira, teve mais uma sentença, desta vez favorável à gravadora, mas ainda cabe recurso.

Todo imbróglio nasceu com a reedição daquelas três matrizes em um único CD, O mito, do qual tenho um exemplar, o que irritou e, com razão João, pelo modo descuidado, com faixas suprimidas ou atropeladas umas sobre as outras para caberem no tempo máximo de gravação para àquele formato. A reação de João foi justificada, mas a gravadora sempre buscou a posse de tais matrizes, alegando que naquele momento o LP estava sendo substituído e ainda não se tinha ideia da capacidade da nova mídia, razão de ter acondicionado as três joias naquele desastrado CD.

Hoje, ainda que com passos lentos estas gravadoras multinacionais se debruçam com algum respeito sobre o nosso acervo musical, com reedições bem cuidadas em caixas para colecionadores e a preços distantes do popular, controle e apuro sobre as características das gravações originais com encartes que realçam e enriquecem os lançamentos, enfim outro olhar. 

Por outro lado, é evidente que João queira ter domínio sobre a sua obra, mas que não se sabe que destino ele ou seus herdeiros poderão dar a estas matrizes, em negociações com gravadoras inescrupulosas através de advogados cujo único som que conhecem é o tilintar do dinheiro. Que vença a música brasileira e o seu precioso acervo.

Foto: João Gilberto

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