A demanda de João Gilberto com a gravadora EMI parece não ter fim, pela posse das matrizes originais dos três primeiros discos de João, Chega de saudade, João Gilberto e O amor, o sorriso e a flor e, definitivos para a configuração do que hoje se tem como “bossa nova”, o movimento renovador da música brasileira, teve mais uma sentença, desta vez favorável à gravadora, mas ainda cabe recurso.
Todo imbróglio nasceu com a reedição daquelas
três matrizes em um único CD, O mito,
do qual tenho um exemplar, o que irritou e, com razão João, pelo modo descuidado, com faixas suprimidas ou atropeladas
umas sobre as outras para caberem no tempo máximo de gravação para àquele
formato. A reação de João foi
justificada, mas a gravadora sempre buscou a posse de tais matrizes, alegando
que naquele momento o LP estava
sendo substituído e ainda não se tinha ideia da capacidade da nova mídia, razão
de ter acondicionado as três joias naquele desastrado CD.
Hoje, ainda que com passos lentos estas
gravadoras multinacionais se debruçam com algum respeito sobre o nosso acervo
musical, com reedições bem cuidadas em caixas para colecionadores e a preços distantes do popular, controle e apuro sobre as características das gravações
originais com encartes que realçam e enriquecem os lançamentos, enfim outro
olhar.
Por outro lado, é evidente que João
queira ter domínio sobre a sua obra, mas que não se sabe que destino ele ou
seus herdeiros poderão dar a estas matrizes, em negociações com gravadoras
inescrupulosas através de advogados cujo único som que conhecem é o tilintar do
dinheiro. Que vença a música brasileira e o seu precioso acervo.
Foto: João Gilberto
Foto: João Gilberto
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