Em 1993, Caetano
e Gil lançaram o disco Tropicália 2
que é uma comemoração aos 25 anos do movimento que oxigenou e mudou os rumos da
música brasileira. Faz parte deste disco a canção Cinema Novo, movimento com o qual o tropicalismo guardou fortes laços
de amizade e intenções, traz o verso “o sertão de Ipanema” que é a aproximação
da pobreza com o metro quadrado construído, mais caro do país. Como também pode
ser uma referência aos cineastas oriundos da classe média que deliravam nos
bares da zona sul carioca a redenção e resgate do nordeste pobre brasileiro,
por uma revolução que acabou sendo sufocada por outra que dispunha de tanques,
baionetas e truculência. Mas, isto é história.
Esta referência ao “sertão de Ipanema” me ocorreu ao assistir uma reportagem sobre o
baixo nível dos reservatórios de água que abastecem a rica capital paulista e as
cidades da região metropolitana, chegando a secar totalmente algumas dessas baragenes
que integram o sistema de abastecimento daquelas cidades. É a maior crise de
água enfrentada pelo estado, que experimenta falta de chuva como qualquer região
nordestina. Daí a citação ao verso de Caetano
e Gil, em Cinema Novo. A excassez e a abundância, papeis que se não chegam a se inverter, se tangenciam em alguns
momentos.
Foto: Barragem Paulista
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